Síndrome do ninho vazio X castração materna. Por Angela Piotto.

A maternidade nos estimula a amar incondicionalmente, desde o ventre nos preocupamos com o melhor alimento a ser ingerido, cuidar das emoções maternas para o bebê nascer tranquilo. São tantos cuidados, dos mais simples aos mais complexos, tudo em.prol da vida que está sendo gerada.

O bebê nasce e perpetuamos os mais extensivos cuidados, cautelosos ao extremo. A mãe chega por vezes à exaustão. Esquece-se de si, de seus cuidados diários consigo mesma e que um dia, em tempos longínquos, tomava um banho demorado, cuidando de si, pois era uma jovem mulher. Sim, a maternidade tem suas delicias incontáveis, infindas, mas também tem seu preço.

Enquanto desenvolve-se e cresce, mais e mais a mãe vai se desdobrando em mil, além dos cuidados já descritos, agora tem um ser que exige, e quanto mais ela corresponde, mais exigente o filho amado se torna. Mas o que não faria por um olhar desse serzinho tão amado? Enfim, segue uma vida, doando-se, e por fim, chega a idade adulta. E, o filho quer sair do ninho, e ninguém ensina a mãe sobre esse momento. A dor do partir, e agora o que fazer, p’ra quem doar todo meu amor ? Inúmeras são, as emoções e sentimentos que surgem do âmago. Medo, insegurança tomam conta do coração, pois a mãe já não lembra mais como era antes de tudo.

Despertar o sentimento, de permitir a partida ou de querer estender essa relação a qualquer custo. Então, não aceitando a partida, inicia-se uma dolorosa e silenciosa sistemática. Impondo-se sutilmente a vida do rebento, escolhe sua carreira, sua namorada, sua religião, por melhor intencionada vai palpitando em sua casa. Vê por vezes o filho não evoluindo em aspectos de sua vida, e reafirma que ela, a mãe, é imprescindível, que ela sabe o que é melhor para ele.

Enfim, um ciclo de dependência e co-dependência emocional inicia. Trazendo dor para mãe e filho.

Ninguém ensina a mãe a deixar partir o amor de sua vida, é uma das tarefas mais difíceis a ser exercida. Mas a mais bela dentre todas. Pois o filho se tornará exatamente tudo o que foi ensinado, e levará todo amor que foi depositado.

É necessário acolher a mãe, amparando-a num desprendimento natural e saudável. Para que ambos, continuem evoluindo e amadurecendo com o amor que foi semeado durante uma vida inteira.

Angela Piotto é graduada em Direito, pós-graduanda em Direito do Trabalho, Direito de Família e Psicologia Jurídica. Atua como Terapeuta Integrativa.