Reciprocidade fazendo morada. Por Neusa Medeiros.

Está decidido. Vou me permitir ficar por inteira onde tenho reciprocidade. Já bati pé e fiquei em lugares insalubres, frios, tóxicos, por teimosia, esperança de mudança, por acreditar no melhor, sempre. Pois está passando da hora de jogar luz em quem nos percebe e gosta do que vê; aposta nos nossos talentos e convive bem com os nossos limites.

Ser recíproco é se enxergar no outro, valorizar este espelho que reflete atitudes empáticas. É exercer o princípio da troca desinteressada. É se comunicar pelo olhar, até por osmose. É entender, mesmo sem saber, todos os motivos e mesmo assim acolher.

Quando dou o meu melhor e recebo um olhar diferenciado por isso, vale cada possível tropeço. Se acontecer a magia, ganho até impulso e posso ir mais longe. Como diz a música do Jota Quest, “daqui só se leva o amor”.

Mas, se ainda não aprendeu a retribuir, treine. Faça diariamente esse exercício. Seja gentil! O mundo está tão carente de empatia. Permita-se! Sei que encontrar a nossa tribo nem sempre é tarefa fácil. Às vezes, a gente demora a se encaixar ou a localizar o nosso canto. Não se encontra um trevo de quatro folhas a toda hora, não é mesmo? É raro.

A doação sem interesse ou motivo aparente traz segurança e a convicção de que a tempestade vai passar sem arrancar as raízes. Talvez somente balance os galhos e retire algumas folhas – que, na realidade, já estavam prontas para cair, mas está tudo certo. O essencial fica e o restante pode voltar a brotar.

A boa notícia é que tem gente doce, intensa, que sempre oferece o seu melhor. São seres de luz, que contagiam com a sua alegria quando chegam, por nada e por tudo, mesmo quando não estão próximos. São absolutos no que causam e eternizam o que tocam. Pois registro o meu desejo: reciprocidade para as coisas boas e imunidade para as ruins.

Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.