Por que fazer um relatório de sustentabilidade nos padrões GRI? Por Mariana Gazzola.

A coluna ‘Comunicação na Sustentabilidade’ está a cargo das colaboradoras da Lamparina Comunicação e Sustentabilidade.

Hoje, o texto é de Mariana Gazzola. Em ordem, na imagem: Mariana Gazzola, Isabela Esteves, Sabrina Petry, Kellyanna Vasconcelos.

Vida longa à parceria!

O GRI, Global Reporting Iniciative, é uma iniciativa holandesa que serve para padronizar os relatórios de sustentabilidade de empresas em diversos setores, possibilitando assim a comparação entre eles. Um dos objetivos do GRI é ajudar as companhias a identificar, monitorar, avaliar e comunicar seus impactos em questões sociais, econômicas e ambientais.

O processo para desenvolver um relatório baseado nas normas GRI possui 5 etapas que devem ser seguidas nesta ordem: Preparação, Conexão (Engajamento dos Stakeholders), Definição de Conteúdo, Monitoramento e Comunicação. Em sua última versão, houve uma atualização bastante útil: agora sua estrutura é modular; então ela pode ser usada completa ou individualmente, vai depender da maturidade da companhia com relação à sustentabilidade. Assim, ao concluir o seu relatório, você deve comunicar se ele é ‘de acordo’ usando a estrutura completa, ou ‘referenciado’, utilizando apenas alguns fascículos.

Mas para que serve um relatório GRI?

O relatório é o produto final, mas durante as etapas descritas acima o responsável pelo projeto vai se deparar com problemas de processo, falta do uso de indicadores para monitorar certos assuntos, estratégias ultrapassadas etc. Ou seja, vai ter em mãos – e registrado – um documento recheado de oportunidades para transformar o modus operandi da empresa, trazendo crescimento e uma reformulação da estratégia no médio prazo.

Isso significa que o GRI é mais que um relatório, é uma ferramenta de gestão, servindo de material suporte para a área de Governança da empresa tomar decisões e levar informações essenciais para o Conselho e Investidores.

Por este motivo, é interessante pensar nesse relatório planejando os próximos 3 anos, ‘elevando a régua’ e corrigindo os processos a cada ano, resultando em uma melhoria no desempenho de seus impactos. E para que isso dê certo, é essencial incluir a alta liderança em pelo menos 2 das etapas do processo, a preparação e a definição do conteúdo.

Todos que trabalham com sustentabilidade no meio corporativo enfrentam o dilema de não ter colegas de trabalho 100% engajados com a temática; então um recurso que vai apoiar o seu trabalho no engajamento, consulta e coleta de informações com as demais áreas da companhia é ter o apoio da alta liderança.

O engajamento dos stakeholders é um processo longo e verdadeiramente complicado se não houver o apoio e reforço vindo de cima. Se o funcionário não se reconhece como um agente de inovação fundamental em sua área de expertise na companhia, ele sempre vai achar que está fazendo um favor ao passar dados que para ele não possuem tanta relevância.

Aproveito para dar duas dicas para motivar seus colegas com relação ao tema: transformar os dados em dinheiro, mostrando quanto de perda o processo atual gera e quanto ele pode deixar de gerar, e incluir a premissa ‘fazer parte do desenvolvimento do Relatório GRI’ na avaliação de desempenho do funcionário.

Falar de GRI e não falar de Materialidade seria um engano. Mas ela só aparece no relatório na etapa Definição de Conteúdo, onde já existe uma lista de tópicos materiais sob a ótica da empresa e dos stakeholders (temas sensíveis com alta relevância e/ou impacto). Para definir o que vai ser inserido ou não no documento, é necessário que seja feito um Teste de Materialidade, uma metodologia que faz o cruzamento da relevância do impacto com a importância para o stakeholder.

Os tópicos mais relevantes presentes no teste serão usados no relato, mas os demais não devem ser ignorados pela gestão. Por exemplo, se algo tem baixo impacto, mas alta relevância para o stakeholder, é preciso se atentar e agir quanto ao tema, mas não precisa entrar no relatório.

É importante ter em mente que o relatório GRI não é uma peça publicitária; então não é para fazer o seu sem inserir os indicadores que não foram atingidos, os pontos em que a empresa não está performando, quais impactos negativos não estão sendo mitigados ou compensados etc. Até porque todos sabemos que nenhuma empresa é perfeita e toda atividade causa impactos. Por isso, recomendo que se demonstre, sim, os seus pontos fracos, trace metas e assim, passe credibilidade e confiabilidade sobre o que você está relatando.

Após passar por todas as etapas e publicar do seu relatório, pode comemorar! No dia seguinte, já pode começar a preparação para o novo ciclo, avaliando o processo, fazendo melhorias na metodologia aplicada e levando os resultados do que não deu certo para a alta liderança (relatório de melhorias).

Mariana Gazzola é analista de comunicação na Lamparina, publicitária formada pela ESPM, designer em Sustentabilidade e pós-graduada em Meio Ambiente pela COPPE/UFRJ. Atua em projetos de comunicação e engajamento com foco em responsabilidade social, posicionamento institucional empresarial, elaboração de Relatório de Sustentabilidade modelo GRI e planos de comunicação e definição de Causa Socioambiental corporativa.