PAPO DE TERÇA - Como a novela 'Amor de mãe' se comunica com os dias atuais. Por Nathália Corrêa.

A vida imita a arte ou a arte imita a vida? Sim, vamos papear sobre novela essa semana! Pode ser que eu agrade alguns, os telespectadores da trama, e desagrade outros, os que pensam ‘papo chato, nem assisto mais novela…’.

Olha, eu também não acompanhava há anos. Na verdade, nunca acompanhei muito. Porém, com uma irmã dedicada ao teatro, vi as expectativas sobre a nova novela das nove e assisti o primeiro capítulo. Pronto! Desde então, assisto todos os dias!

A novela de Manuela Dias mostra a vida de três mulheres com histórias completamente diferentes, mas com um sentimento que as conecta: o amor de mãe!

Thaís Araújo, Adriana Esteves e Regina Casé interpretam muito bem suas personagens, fazendo com que o telespectador consiga se reconhecer na tela, naquelas mulheres/mães comuns com erros, acertos, problemas e esperanças.

Além da trama realista, ‘Amor de mãe’ traz um roteiro bem amarrado em que cada capítulo te instiga e te envolve mais na história. Tipo série, sabe? Acontecimento é o que não falta!

E por que eu estou descrevendo tudo isso? Porque apesar de ler algumas pessoas comentando sobre o peso da carga dramática na trama, acredito no espaço e na visibilidade da novela para temáticas que precisam ser abordadas, retirando os típicos clichês das novelas das nove. Separei alguns assuntos que, no meu ponto de vista, são muito bem comunicados.

1. Pautas sociais

Em uma das cenas, uma professora negra (interpretada por Jéssica Ellen) está iniciando as aulas para adolescentes em colégio da periferia e apresenta um método diferente de ensino, incentivando os alunos a refletirem e não apenas serem meros ouvintes dentro da sala de aula. Assim, conquista a turma.

Outra temática discutida é a importância da preservação do meio ambiente e não com uma abordagem secundária, mas como um assunto que protagoniza toda a trama.

2. Quebra de estereótipos

Sem pedir aplausos, trata com naturalidade a ascensão social dos personagens, a filha da doméstica participando do mesmo evento da patroa da mãe. Apresenta o lado sentimental de um vilão, a amizade do mocinho com o traficante que salvou sua vida e como tudo pode ser relativo quando se trata de certo ou errado.

3. Protagonismo negro

Thaís Araújo e Jéssica Ellen protagonizam cenas de independência, representatividade e inclusão, sempre com a naturalidade que a autora mantém ao abordar essas temáticas. A atuação das duas atrizes também merece aplausos.

4. Empoderamento feminino e masculinidade tóxica

Dois temas que ainda possuem pouco ou quase nenhum espaço no horário nobre estão sendo colocados em pauta com Raul e Verena, personagem de Murilo Benício e Maria. Ainda engatinhamos, mas é o primeiro passo para fazer homens repensarem suas relações e agirem com empatia. E para mulheres terem uma referência de luta para correrem atrás de seus sonhos.

A comunicação tem muitas facetas e acredito que o entretenimento é um canal que possibilita informar através do lúdico, da arte. Espero que o roteiro continue sendo construído com base na representatividade, visibilidade e quebra de estereótipos. Agora, sem publipost para a novela… mas se você ainda não é fã, assista um capítulo e perceba como são abordados os assuntos que apontei, entre muitos outros. Eu aposto que você não vai querer desgrudar os olhos da tela!

Imagem: Arquivo Gshow.

Nathália Corrêa é bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e tem MBA em Marketing Digital. Atua na gerência de marketing e mídias sociais.