PAPO DE TERÇA - Até onde se pode (e deve) controlar. Por Nathália Corrêa.

Talvez o ‘home office’ tenha sido temática da maioria dos meus textos, nos últimos meses. Mas, o desafio, a experiência e as descobertas desse novo modelo de trabalho, do relacionamento com a equipe e com você mesma, são renovados a cada dia.

Ansiedade, estresse, horas extras, inúmeras calls e, às vezes, alguma insegurança, são sentimentos recorrentes na rotina de quem está enfrentando a pandemia, trabalhando de casa. Mas, não é bom trabalhar em casa? Sim, e acho que há muitas vantagens, principalmente, a possibilidade de poder optar por esse modelo, visto que nem todos os trabalhadores e trabalhadoras têm essa escolha.

Fazer um cafezinho no meio da tarde, dormir um pouco mais – quando você está cansada – ou acordar mais cedo para praticar alguma atividade física. Trabalhar na sala, no quintal ou sempre em um único cômodo mesmo, usar chinelo, ficar só de meia, almoçar com a família todos os dias e não precisar enfrentar trânsito antes e depois do expediente. Viu como tem benefícios?

Em toda rotina ‘normal’ de trabalho, você acorda, planeja seu dia, faz sua lista de tarefas, participa de reuniões, dá um check nos jobs entregues e confere os próximos, às vezes, com deadline para o mesmo dia. Liga no ‘modo produtivo’ e vai. Ótimo, tudo ocorrendo como o esperado até que…TARÃN! Acaba a energia da sua casa. O motivo? Um curto-circuito no fio de rede elétrica de um poste da rua.

Nessas horas, bate o desespero pelas tarefas que você precisa finalizar, a insegurança de informar o ocorrido para os chefes… Mas, imprevistos acontecem em qualquer circunstância, e a pandemia de Covid-19 é um exemplo claro disso. Não planejamos viver o que estamos vivendo agora, mas, não estamos sempre no controle das situações.

Se tudo na vida é aprendizado (licença para o clichê necessário), cada dia vivido nesse momento, é uma nova lição. Comecei a pensar assim para encarar de outra maneira a atual realidade. Enxergar por outros ângulos é mudar o ritmo dos nossos dias, experimentar outros compassos e permitir que o acaso assuma o comando. E ele pode nos conduzir por outros caminhos e nos mostrar que há muitas trilhas diferentes na mesma estrada.

No dia que fiquei sem energia, realmente me vi de mãos atadas. O que eu fiz? Finalizei o que pude, do modo que consegui até o celular acabar completamente a bateria, peguei um livro, fui para a varanda da minha casa e assisti a um espetáculo que acontece diariamente, enquanto estou muito ocupada olhando para a tela do computador: o entardecer! Naqueles instantes admirando o pôr do sol, meu mantra passou a ser exatamente este: tenha orgulho do quanto você está trabalhando duro, mas não deixe que esse trabalho te prive da sensação de viver outros momentos com a mesma intensidade. Pequenas válvulas de escape têm efeitos duradouros.

Imagem: Emma Matthews por Unsplash.

Nathália Corrêa é bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e tem MBA em Marketing Digital. Atua na gerência de marketing e mídias sociais.