PAPO DE TERÇA - A empatia coroa líderes. Por Nathália Corrêa.

Desde pequena eu sou tímida e, ao mesmo tempo, observadora. Não era do meu perfil ter iniciativa, formar grupinhos na escola ou tomar frente de algum trabalho. Sempre acreditei que não tenho perfil de liderança (e isso não mudou). Apesar de ser mais introspectiva, responsabilidade, dedicação e a busca pelas melhores notas foram características que me acompanharam durante o período escolar. Essa introdução toda é para abrir uma discussão: o que transforma uma pessoa em uma boa líder?

Escolhi a faculdade de comunicação por acreditar no poder de comunicar, transmitir mensagens por diferentes formatos. Mas quando você entra no mercado de trabalho, percebe que uma empresa se organiza com lideranças. Aos 23 anos, querendo aplicar todo o meu conhecimento, fui nomeada líder de uma equipe no meu primeiro emprego. Voltei os anos e lembrei que, como aquela criança do colégio, eu só queria continuar dedicada, trocar a obsessão por boas notas pelas metas batidas e ponto. Eu não sabia como conduzir uma equipe. Mas foi a partir daí que percebi o erro de alguns líderes: acreditar que sabem liderar.

Quando você recebe esse título, o ego, muitas vezes, fala mais alto. Fiz uma breve reflexão sobre o meu dia a dia como gestora durante esses poucos anos e listei algumas atitudes que podem ajudar a tornar uma equipe mais eficaz e te fazer entender o verdadeiro sentido dessa função.

1) Empoderar as pessoas

Coordenadora, gerente ou diretora são cargos que dão poder a você. Mas, ao invés de se empoderar apenas, empoderar as pessoas da sua equipe é exatamente um dos deveres de uma boa líder. Muito mais do que ter um poder em suas mãos, é preciso transferir esse poder para os outros. Você pode ser a gestora e representar um grupo, porém, quem executa determinada tarefa todos os dias vai ter muito mais propriedade para falar daquela tarefa. Confira a essa pessoa a importância que ela possui.

2) Desenvolver a capacidade de cada uma

Para delegar e confiar o trabalho que você sabe que pode fazer nas mãos de outras pessoas, esperando o resultado que você deseja, é necessário desenvolvê-las. É muito mais fácil colocar a mão na massa, fazer do seu jeito e resolver o problema, não é mesmo? Admito que fiz e ainda resisto para não continuar fazendo isso. Pois, essa não é uma atitude de gestora. A boa liderança é a que consegue bons resultados confiando e acreditando no trabalho de terceiros.

3) Motivar para ser motivada

Em algumas situações, deparamos com pessoas desmotivadas no trabalho. Diálogo e feedback são ações que devem ser cultivadas pela liderança. Voltando à minha vivência, eu procuro conversar com as pessoas da equipe para entender os empecilhos e mostrar que qualquer problema pode ser resolvido juntos. Uma coisa que costumo dizer para o meu grupo é ‘eu preciso muito mais de vocês todas do que vocês de mim’. Atualmente, lidero uma equipe só de mulheres. E assim, a troca acontece e a motivação é mútua. Aprendo com elas e elas aprendem comigo.

4) Se colocar no lugar delas

Outra dificuldade que eu enfrento no meu dia a dia esbarra nesse ponto. Na correria da rotina, eu percebi que me distanciava da equipe, não acompanhava tanto o trabalho, impunha tarefas e cobrava resultados. Eu comparava as pessoas comigo e não entendia o porquê de não depositarem o melhor de si no que faziam, não agirem com proatividade e serem mais independentes. Sim, eu não tinha muita paciência e… adivinha! As coisas não funcionavam, porque eu me irritava, elas se irritavam e, assim, ninguém se ajudava. É difícil e não acontece da noite para o dia, mas é preciso entender que as pessoas possuem vivências diferentes e o que pode parecer óbvio para mim não é, necessariamente, para a colega ao meu lado. E ela pode não se sentir confortável para pedir ajuda – se eu não der essa abertura.

Quem trabalha com comunicação, principalmente em agências de publicidade, sabe que a rotina é estressante, que cada job que entra tem prazo de entrega para ontem e o ritmo é acelerado. Mas, criativos que somos, podemos direcionar nosso poder de inovação para o ambiente interno e criar um local de trabalho mais leve, inspirador e sadio. Ninguém pensa fora da caixa rodeado de padrões encaixotados. A criatividade está no bem-estar. É urgente ter novos modelos de gestão para agências pautados no respeito, na empatia e, principalmente, na qualidade de vida. Pode parecer clichê de marketeiro, mas, o melhor marketing de uma empresa vem da boca de seus colaboradores. Portanto, sejamos líderes empáticos que compreendem, acreditam e transformam as pessoas.

Imagem: Raychan por Unsplash

Nathália Corrêa é bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e tem MBA em Marketing Digital. Atua na gerência de marketing e mídias sociais.