PAPO ABERTO - Arena Digital: o que estamos fazendo nas redes sociais?

Gladiadores atacavam e se defendiam pela vida. O público só assistia. E o que isso tem a ver com as redes sociais, hoje?

Confesso que até eu estranhei quando vi a imagem. ”Nossa, que esquisito, pensei. Uma foto postada por um desconhecido, nesses grupos da vida, rendeu mais de 200 comentários, praticamente 100% negativos. Sim, por estar na água e pelo ângulo, a foto tirada deformou um tanto o corpo e o rosto da pessoa. Os comentários iam desde ‘cremdeospai’, ‘cruziss’, ‘diabólica’, entre outras associações”.

É claro que tais comentários renderam um desabafo de quem postou. Ele ficou sentido/ofendido. Entre os comentários, um chamou a minha atenção em especial. Em resumo dizia assim: ‘saiba lidar com as críticas’.

Foi aí que parei e pensei: Será? Será que o mundo das redes sociais é isso mesmo? Será que tenho o direito de manifestar a minha opinião a torto e a direito? Será que quando nos expomos temos que estar preparados para receber de tudo? Será que temos que atender aos padrões (seja de beleza ou outro qualquer) que aquilo que é diferente merece ser motivo de deboche? Será que isso é papo de politicamente correto?

Não precisa faltar com a verdade – dizer que a foto estava linda e maravilhosa – até porque cada um tem a sua verdade e ainda bem que não pensamos todos de forma igual – mas a gente sabe que até mesmo a verdade dói. A minha verdade pode doer em alguém. E vice-versa. E a gente pode sim manifestar o que pensa – e deve – mas existem formas e formas para isso.

Milhares de pessoas até hoje fazem fila para visitar o Coliseu, na Itália. O local, você conhece a história! E no final, era a plateia ou o rei, com o seu polegar, quem definia quem ia viver ou morrer.

Passados quase dois mil anos desses fatos, estamos nós aqui clicando, sabe Deus quantas vezes por dia, no botão ‘curtir’ do Facebook, do LinkedIn, ou no coração do Instagram, e por aí vai.

Deixando nossa marca impregnada na vida e no conteúdo alheio com nossa aprovação ou não. Assim como nós mesmos, ao mesmo tempo, estamos na mesma, pois ao mesmo tempo, recebemos ou não ‘likes’, seguidores e até mesmo bloqueamos e somos bloqueados para fora do convívio.

Mas, afinal de contas, que papo é esse? É um papo sobre a diferença entre opinião, julgamento, ser politicamente correto, bullying digital e tantas outras coisas.

Vou me policiar ainda mais sobre como me manifesto na rede, em especial, com críticas mais construtivas, usar menos o dedo indicador do julgamento (ou o polegar, que seja) e estender a mão inteira para poder ajudar e ser ajudado, para criar uma rede construtiva e não uma arena digital. Afinal, as redes sociais são feitas de pessoas e para pessoas. Para mim e para você. Sem elas aqui, nada existe, nada tem sentido. Saibamos usá-la.

Danit Furlan é jornalista e consultora de Marketing com mais de 15 anos de atuação. Escreve semanalmente sobre assuntos diversos no mundo da Comunicação.