Os componentes narrativos nossos de cada dia - ruído ou modernidade da comunicação? Por Andrea Nakane.

Crush era refrigerante… agora… é sinônimo de paquera…

Coringa era nome de personagem da ficção e agora virou verbo; coringar – que tem referências com rir muito.

Moió é sinônimo para dizer que algo não foi bacana, deu ruim!

Macetar é falar com intensidade, soltar o verbo.

A linguagem é algo muito dinâmico, que se molda conforme a própria evolução humana. Às vezes, palavras já conhecidas e consolidadas podem ganhar uma significação diferente, um novo sentido, o que provoca o surgimento de neologismos.

Por isso é natural que de tempos em tempos testemunhemos novas palavras, jargões e variações linguísticas que se tornam massivos, em um ritmo de puro modismo, e em situações em que o próprio articulador realiza seu uso sem o devido conhecimento sobre os mesmos.

Estar situado com o repertório em voga transfere ao seu usuário uma identidade cool, a qual demonstra seu alinhamento com os movimentos sociais, assim tornando-o elegível para integrar a tribo daqueles que estão surfando na onda.

Isto sem mencionar a aplicação de palavras ou expressões do idioma inglês, literais ou aportuguesadas – principalmente no mundo corporativo.

Em muitas ocasiões não ter o expertise desse glossário da moda gera uma verdadeira exclusão, o que remete a ser uma pessoa floppada e em alguns casos até mesmo cancelada, já que isto se tornou uma régua que demonstra o lugar que se ocupa na própria interação social.

Muitos dos vocábulos utilizados são meramente uma espécie de rebatismo de algo que já existia, mas que ganha outras definições, conforme outras apropriações de significâncias e até mesmo para tornar-se mais vendável… Sim… as palavras para muitos se tornaram produtos de pura comercialização.

Tem muitos por aí, sem a devida formação na área, que estão vendendo vocal coaching ou coaching de comunicação que nada mais são que cursos de oratória e de comunicação. Ai, meus sais!

Uma pesquisa da Universidade de Manchester revelou, com base em análises estatísticas, que as palavras que ganham projeção exaustiva – em um determinado período – têm uma vida média de 14 anos.

Os pesquisadores focaram seu olhar sobre livros e textos escritos entre 1700 e 2008, e disponíveis no Google Ngram (que tem cerca de 5 milhões de livros digitalizados). A descoberta foi observada na língua inglesa, no espanhol, no russo, no italiano, no alemão e no francês.
Para os cientistas, motivos culturais, políticos e econômicos definem a vida útil de uma palavra.

Quando a abordagem direta está vinculada a comunicação corporativa é preciso muito zelo para não gerar distanciamentos e repulsas pela não compreensão da narrativa utilizada. Por isso, em qualquer planejamento de relações públicas, é vital conhecer o perfil dos grupos de interesse que orbitam ao redor da organização para encontrar as adequadas maneiras na elaboração dos discursos.

Um uso meramente oportunista não é agregador e pode oferecer juízos equivocados. Por isso, em termos de estratégias linguísticas, o ser contemporâneo, antes de tudo, precisa ser assertivo e com propriedade alinhada à sua identidade. Caso contrário, além de abalar seus relacionamentos, pode-se fragilizar uma reputação e até virar meme

Ah… mas isso é tema para o próximo artigo!

Andrea Nakane é bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas. Possui especialização em Marketing (ESPM-Rio), em Educação do Ensino Superior (Universidade Anhembi-Morumbi), em Administração e Organização de Eventos (Senac-SP), e Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF). É mestre Hospitalidade pela Universidade Anhembi-Morumbi e doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, com tese focada no ambiente dos eventos de entretenimento ao vivo, construção e gestão de marcas. Registro profissional 3260 / Conrerp2 – São Paulo e Paraná.