O sagrado mural dos colaboradores desconectados. Por Nayara Brito.

Eu sempre tive um carinho muito especial pelas fábricas. Talvez seja porque uma das minhas primeiras experiências de trabalho tenha sido bem próxima ao ambiente fabril. Comecei aos 17 anos em uma indústria têxtil na área de RH. Eu também era a menina do mural, da comunicação interna, apesar da empresa não ter uma área específica para isso.

O mural de avisos foi a primeira versão de comunicação interna que eu tive na minha vida. Com o passar das experiências em outras empresas, pude conhecer e participar de outros tipos de ações comunicacionais, bem como produzir conteúdo para outros tipos de canais, como revistas e TV Corporativa, por exemplo. Mas, em todas as indústrias em que passei, sempre me deparava com ele: o mural.

Desde a multinacional à empresa do bairro, ele estava lá: intacto, preservado, mantido. O sagrado mural, digno de ser considerado uma relíquia da comunicação interna. Uma espécie de oráculo, que carrega consigo comunicados importantes para consulta de seus visitantes que estão em busca de respostas e orientações do RH. Parece engraçado e nada moderno para os nossos tempos, mas o mural de avisos ainda é muito comum nas empresas, principalmente no setor fabril.

A tecnologia nos trouxe muitas possibilidades de interação e troca de informações, porém os canais digitalizados nas fábricas são mínimos ou sequer existem. O estilo de trabalho administrativo, por exemplo, é bem mais flexível em sua jornada e seus meios de comunicação são mais ágeis e digitais. Comunicar-se com o ADM mesmo que em home-office não é tarefa difícil, pois ele já dispõe da ‘conversa tecnológica corporativa’ em seu dia a dia. Diferentemente da fábrica, que atua em turnos fixos e a qual o instrumento de trabalho são, em sua maioria, máquinas de produção e não notebooks.

Entretanto, o que mais preocupa não é somente sobre os canais serem digitalizados ou não, mas sobre o papel e a efetividade da comunicação interna quando este público em específico não está presente e que sim, está digitalizado fora do seu ambiente de trabalho. A pandemia que estamos enfrentando diz muito sobre os desafios da comunicação interna à distância e a necessidade de se ter uma comunicação interna mais ágil, acessível, democratizada e sem delongas, tem sido reforçada no cenário atual. Comunicação interna não é somente sobre onde se está, mas sobre quem faz parte e por isso ela precisa acompanhar cada colaborador em qualquer lugar que ele esteja, caso necessite ser atingido por ela.

A pergunta e reflexão que quero deixar por meio deste texto e de algumas experiências que tive é: por que, na maioria das organizações, é tão difícil digitalizar a comunicação interna nas fábricas, tornando-a mais acessível e efetiva? Como a sua organização tem feito para se comunicar para além dos murais de avisos com este público interno em especial? Compartilhe conosco aqui nos comentários. Vamos disseminar boas práticas de comunicação interna na indústria.

Nayara Brito é relações-públicas e dedica suas escritas a temas que geram identificação e transformam pensamentos. Produtora de conteúdos organizacionais focados em comunicação interna, sempre busca trazer em seus textos o toque especial de uma comunicação mais humanizada. Acompanhe seu trabalho também em https://www.linkedin.com/in/nayarabrito/.