A comunicação corporativa já não é mais uma peça teatral com um roteiro previsível. Se antes as empresas buscavam se tornar notícia nos meios de comunicação tradicionais, hoje são os influenciadores digitais que retêm a atenção. O palco mudou, os atores também e, agora, quem dita o ritmo não são mais os grandes anúncios de televisão, mas sim os criadores de conteúdo, que transformaram a publicidade em um jogo de interação constante. Se antes as marcas falavam alto e o público apenas escutava, agora elas precisam entrar na roda e aprender a dançar conforme o ritmo. No Brasil, um dos países mais conectados do mundo, essa virada de chave acontece em uma velocidade impressionante.
Os influenciadores digitais têm um papel cada vez mais relevante no comportamento do consumidor e podem ser aliados estratégicos para empresas que buscam alcance e engajamento. Olha só a ironia: não faz muito tempo que o mercado olhava torto para os influenciadores. Eram apenas “blogueirinhos”, “youtubers” e “gente que fala demais na internet”. Pois bem, agora são eles que dominam a área. Você já percebeu o quão íntimo é o seu relacionamento com o influenciador que admira? Parece até que vocês já são próximos. Estudos de empresas de pesquisa, como Nielsen e Kantar Ibope Media, mostram que boa parte dos consumidores confia mais em recomendações de influenciadores do que em anúncios tradicionais. Afinal, a publicidade clássica virou aquele velho cartaz amarelado na parede, ninguém mais para pra olhar. Já os influenciadores são a conversa ao pé do ouvido, aqueles que se arriscam para mostrar, fazem graça, oferecem um conselho sincero e se tornam os amigos que sugerem um produto porque realmente o usam.
Isso significa que a mídia tradicional está com os dias contados? Longe disso, ela ainda tem peso, assim como um relógio de torre que continua marcando as horas no centro da cidade. Mas o tempo agora também é ditado por notificações no celular e por trends que explodem e desaparecem em questão de horas. A comunicação virou um rio caudaloso, e quem não aprender a navegar por essas novas correntes vai acabar encalhado.
Mas será que influenciadores, marcas e mídia tradicional precisam ser rivais? Nada disso. Na verdade, eles podem formar um trio poderoso. A mídia tradicional ainda tem sua força investigativa e seu prestígio, enquanto os influenciadores trazem a autenticidade e a proximidade com o público. Juntas, essas duas forças criam um modelo híbrido, onde o tom sério das análises jornalísticas encontra o frescor das redes sociais, uma receita certeira para conquistar audiências cada vez mais exigentes.
No fim das contas, a comunicação corporativa está passando por um verdadeiro baile de máscaras. O segredo do sucesso? Saber trocar a fantasia na hora certa. Quem souber transitar entre o clássico e o digital não só vai acompanhar o ritmo, como também vai ditar a próxima tendência. E, nesse espetáculo, só há um erro imperdoável: ficar parado enquanto o mundo inteiro dança.
Fontes:
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Cristina Mesquita é jornalista, cerimonialista e graduada em Direito. Diretora de Comunicação da Associação Brasileira de Profissionais de Cerimonial (ABPC), é coautora do livro ‘Comunicação & Eventos’ e especialista em organização de eventos. Possui MBA em Gestão de Eventos pela ECA-USP.