NOVA COLUNISTA: Syl Cordeiro - Educomunicação: um diferencial no ambiente corporativo.

Quantas vezes durante a sua trajetória profissional você ouviu frases como “você deve ser gestor da sua própria carreira”, ou “você pensa fora da caixa”?

Eu escutei várias vezes e, na maioria delas, fiquei brava por entender que essa era uma desculpa do setor de RH e/ou da empresa para não liberarem uma promoção e o consequente aumento salarial tão almejado e, na minha concepção, merecido.

Mesmo descontente, eu seguia as diretrizes e orientações da empresa passadas nas famigeradas reuniões de “avaliação 360” sobre o que fazer para ser hierarquicamente promovida.

Foi assim que, seguindo as orientações, mesmo atuando em comunicação corporativa, decidi fazer um pós-graduação em Docência para o Ensino Superior. Afinal, na pior das hipóteses, se eu não conseguisse ser promovida, poderia ao menos dar aulas.

E foi durante a pós que eu descobri a Educomunicação e todo um novo e inexplorado universo de atuação profissional, o qual me permitiria finalmente colocar em prática verdadeiramente a gestão da minha própria carreira, diferenciando-me dos demais profissionais da minha área.

Vale aqui salientar que a comunicação e os atos comunicativos fazem parte do cotidiano humano, desde o momento do choro do nascimento até o último suspiro na hora da morte, perpassando todos os afazeres da vida. Portanto, saber se comunicar bem é uma arte e, como toda arte, possui técnicas específicas que precisam ser aprendidas e praticadas da forma correta para que surtam o resultado desejado. E, para saber isso, é preciso didática. E foi exatamente nesse casamento entre técnica e didática que a Educomunicação se aplica.

Segundo a definição da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação (ABPEducom), educomunicar é “orientar práticas socioeducativo-comunicacionais com o objetivo de fortalecer os ecossistemas comunicativos abertos e democráticos, mediante a gestão compartilhada e solidária dos recursos da comunicação, suas linguagens e tecnologias, levando ao fortalecimento do protagonismo dos sujeitos sociais e ao consequente exercício prático do direito universal à expressão”.

Porém, em minha visão, além disso, a Educomunicação poderia beneficiar, e muito, a comunicação institucional de empresas e agências de Relações Públicas na solução de um dos maiores gargalos atuais do mercado: a falta de profissionais em níveis pleno e sênior, e que, portanto, façam entregas eficientes e com qualidade.

Em um mundo cada vez mais conectado, hibrido e metaverso, as ferramentas de Educomunicação quando bem empregadas podem contribuir para o treinamento, atualização e especialização de profissionais, bem como para a criação de projetos inovadores nas área de branding e marketing institucional.

O problema é que a Educomunicação ainda é pouco difundida em nosso país e, por isso, os  poucos profissionais que se especializaram atuam só na área educacional.

Entretanto, com a saturação do mercado jornalístico e o fechamento recorrente de redações tradicionais, a Educomunicação abre um grande e amplo leque de atuação para esses profissionais se recolocarem no mercado, atuando de forma diferenciada na comunicação corporativa, especialmente para empresas que geram impacto ambiental, social e econômico no entorno de seus estabelecimentos e que, portanto, precisam manter um relacionamento próximo e amigável com a comunidade.

Syl Cordeiro, comunicóloga e educomunicadora com mais de 30 anos de atuação no mercado corporativo, é CEO da Plena Palavra Consulting.