Nada melhor p’ra começar aqui no O.C.I. do que mostrar um pouco de como penso, e já quero começar com um tema polêmico (na verdade só quero fazer com que você reflita sobre assuntos relacionados à área de produção audiovisual e comunicação).
Certo dia fui chamada de profissional sênior num grupo de assuntos aleatórios sobre vídeo, publicidade e marketing, no aplicativo Clubhouse.
Enquanto era debatido o posicionamento de marca versus posicionamento dos donos da marca, fiquei pensativa. Há uma real necessidade de o dono virar influencer? Todos os modelos de negócio comportam essa estratégia? Quem somos nós e quais os segmentos que de fato proporcionam esse tipo de postura e fazem com que ela faça sentido no meio dessa história sem fim chamada digital? Quais nossos propósitos de imagem quando postamos de uma determinada forma e numa determinada frequência? Porque temos de parecer todos iguais e até que ponto as fórmulas mágicas funcionam?
Somos quem precisamos e podemos (vale avaliar esse item) ser.
Ou seja, porque temos de seguir fórmulas e determinadas ações, e/ou fazemos vídeos de uma determinada maneira só porque funciona para o outro?
Semanas atrás me deparei com um post no LinkedIn feito por uma empresa de nível nacional, com um conteúdo que claramente não fazia sentido para o seu segmento. A grosso modo, era como se uma exímia confeiteira de bolos de casamento celebrasse o dia do mecânico de automóveis com um post comemorativo.
Sigo tentando compreender em qual momento histórico nos perdemos e entendemos que o conteúdo a qualquer custo é obrigatório, mesmo que não faça sentido p’ra seu público, persona ou mercado. E digo mais; vale avaliar se mesmo fazendo sentido p’ra fora ainda faz sentido internamente, se tem a ver com quem a empresa é e com o “como” ela trabalha.
Naquele momento (no Clubhouse) defendi e continuo defendendo que tudo, absolutamente tudo, gira em torno de pessoas. A vida é sobre pessoas, o mercado é sobre pessoas, nosso negócio é sobre pessoas. Tudo é sobre o que elas pensam, o que fazem e o que gostam.
Parece óbvio mas, às vezes, nós do marketing e áreas afins nos esquecemos que a produção de conteúdo (que vale idem p’ra vídeo) também passa por esse lugar repleto de gente; por um mercado que produz relevância aos que assistem, ouvem e leem! Também passa por posicionamentos de verdade, que façam o outro sair do lugar comum pensando, refletindo, rindo, chorando e, enfim, compartilhando.
Outro dia vi uma digital influencer falando sobre o quando é danoso para ela ter de se desdobrar p’ra criar algo diariamente, e o quanto é desesperador quando esse conteúdo não engaja.
Que o mundo é do digital (leia dígital com acento mesmo, na forma mais hype de dizer a palavra) já é notícia pretérita. Agora… cabe a nós, profissionais sêniores (risos), descobrirmos o caminho do conteúdo relevante em todas as hostes que tangem o nosso trabalho. Cabe a nós fazer com que o time entenda que há um outro ser do outro lado, e que produzir sem a necessidade de produzir pode ser um revés.
Talvez a receita seja ir na contramão de pesquisas (cuidado aqui), e criar as nossas próprias tendências com dados mais recortados, observação cautelosa e aquele famoso feeling, aquele que nós dessa área nascemos com ele.
Podem ser utópicos, mas esses muitos questionamentos fazem parte do meu olhar para o mundo.
E vamos juntos nessa era que, mais do que nunca, é subliminar e beira ao intangível.
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Eu sou Juliane Maciel, diretora executiva na Loop Vídeo Produtora e owner na Ordoo – Mentoria de Gerenciamento.
@jumacieloficial