Hoje início minha participação aqui no Observatório da Comunicação Institucional e, como sempre, quando começamos algo novo, tive um pouco de dificuldade para fazer uma seleção e curadoria de temas que realmente pudessem colaborar para esta coluna. Por fim, decidi ir por um caminho que está sendo, atualmente, muito debatido dentro do mundo corporativo: a diversidade e a inclusão.
E o motivo? Eu sou uma mulher de 43 anos, educadora, comunicadora, parda, irmã de um surdo e sei da importância das ações afirmativas para a sociedade e para as suas famílias. Tenho certeza que foram elas que fizeram a diferença na minha casa e têm feito a diferença em muitos outros lares por aí. Por conta da importância desse tema, alinhada a minha experiência de mais de 18 anos na comunicação empresarial – e atualmente na educação corporativa -, quero aproveitar esse espaço para entender nossos privilégios e te convidar para pensarmos juntos nos propósitos das nossas ações. Acredito que precisamos, de uma vez por todas, entender que a beleza está no fato de não sermos iguais. A diferença e próspera e deve unir.
Por isso, gostaria de começar com uma reflexão sobre a importância de ambientes diversos dentro do universo do trabalho e como isso seria benéfico para todos os lados. Quando pessoas de diferentes origens, raças, gerações, vivências e criações se juntam, há uma troca de informações mais rica, com novas oportunidades de criação e projetos. Criatividade nos processos representa mais inovação para dentro das empresas e isso podemos conseguir no momento em que unimos cabeças que pensam diferente. E o resultado de um produto pensado de forma mais ampla tem mais chances de atingir um número maior de pessoas, já que é mais inclusivo.
Assim, diferentes percepções nos ajudam a tomar as melhores decisões e podem proteger ainda empresas de crises reputacionais, como quando elas acabam se envolvendo em questões sensíveis e que poderiam ser evitadas, caso a equipe fosse mais diversa e diferentes pontos de vista fossem levantados. Pensando nisso, percebemos o quão perigoso é ter apenas um olhar, seguir um único caminho e uma visão que não está atenta ao que a sociedade pede e precisa.
Nessa mesma linha de pensamento, podemos concluir ainda que ao incentivar ações positivas dentro das empresas a nossa intenção é que as equipes consigam representar a diversidade do Brasil. Segundo o IBGE, vivemos em um país em que mais da metade da população é negra, composta de mulheres e 25% possuem alguma deficiência; dessa forma é fundamental que o ambiente de trabalho tenha também essa representatividade.
Diversidade não é apenas mais uma das tendências corporativas. As empresas já perceberam que equipes mais diversas refletem diretamente no lucro dos seus negócios, pois contam com talentos e visões interseccionais. Afinal, como diz o jargão “quem lacra não lucra” e, quando se trata de diversidade, essa expressão não poderia ser mais verdadeira.
O papel da comunicação neste processo
Todas essas questões levantadas passam pela comunicação, afinal, é ela a responsável por manter todos os funcionários “na mesma página” sobre o que acontece dentro das empresas. Uma vez estabelecidos os valores e propósitos da empresa em prol da diversidade e inclusão, é papel da comunicação levar essas informações a todo o ambiente corporativo.
E como é possível fazer isso? A partir de ações de comunicação que foquem nesses temas, com canais internos bem estabelecidos para que cada vez mais pessoas sejam impactadas dentro da companhia. Não basta trazer mais pessoas e diversidade para dentro das equipes, se o público interno não estiver preparado para isso, não entender a importância da diversidade nas relações. Para isso, é preciso também ouvir os funcionários, entender quais são suas necessidades e anseios dentro do ambiente de trabalho.
Já para o público de fora, a comunicação atua como mantenedora da reputação da empresa, ao dialogar com os mais variados grupos sobre seus valores de diversidade que são trabalhados internamente. São as ações de comunicação, publicidade, relações públicas e marketing que dão visibilidade para esse posicionamento da empresa e que também atraem novos talentos das mais diferentes origens e vivências.
Bom… já deu para perceber que o assunto é bem amplo e teremos muito o que falar por aqui. Afinal, é urgente estabelecer na pauta das empresas temas como diversidade e inclusão, a presença de mulheres no mercado de trabalho, a questão do etarismo e outros assuntos que podem contribuir para a reflexão do nosso papel nesses desafios e como a comunicação pode ser uma boa aliada neste processo. Até a próxima!
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Fontes
– https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/20551-pessoas-com-deficiencia.html
– https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18320-quantidade-de-homens-e-mulheres.html
– https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18319-cor-ou-raca.html
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Jovanka de Genova é educadora e gerente de educação, com mestrado em Educação, Arte e História da Cultura, e com mais de 17 anos de atuação na área de comunicação organizacional e educação corporativa, em especial na gestão de cursos e soluções educacionais. No LinkedIn: www.linkedin.com/in/jovankadegenova.