NOVA COLUNISTA: Francys Albrecht - A comunicação além das mídias.

Ao longo destes pouco mais de 20 anos de século XXI, nenhum evento afetara simultaneamente as vidas, em escala mundial, como a pandemia de coronavírus. Estamos todos presenciando um fenômeno histórico que impacta profundamente economias, jogos políticos e modos de vida. Governos, empresas e pessoas estão colocando em cheque diversos hábitos e repensando as rotinas. Não é necessário estar atento ao noticiário para perceber que o ritmo da sociedade mudou. Em meio a todas estas transformações, na qual não temos tempo suficiente de absorver, se evidencia o papel elementar e primordial do ato comunicativo.

A comunicação é intrínseca ao ser humano. Independentemente da linguagem utilizada, emitimos e decodificamos mensagens, inclusive quando se dá com outros seres, como por exemplo, uma planta murcha que indica a necessidade de água, o miado de fome de um gatinho ou o latido de raiva de um cachorro. Comunicar faz parte de nosso instinto de sobrevivência, como é de se pensar no choro de um bebê que pode significar fome, dor, medo, bem como ser nosso elemento socializador.

Durante o isolamento social, somos convidados a refletir sobre as dinâmicas da sociedade que ficam em suspenso temporariamente, e qual o peso delas em nossas vidas. Entre elas está a comunicação face à face, o contato e a presença com o outro. É interessante pensar que em nossa era, perpassada profundamente pelas tecnologias de informação, redes sociais e virtualidade, estejamos tão ansiosos pela comunicação orgânica e pessoal. Assim como não houve a exclusão de uma tecnologia pelo advento da outra, como o rádio em relação à televisão e, esta, em relação à internet, o ato comunicativo mediado ou midiatizado não substitui nosso contato material e espontâneo.

Cada invenção midiática que ocorre ao longo da modernidade é reflexo de nossa necessidade, enquanto espécie, de estar em conexão. Desde prensa e tipos móveis, telefonia e web, surgem novas formas de trocar informações e adaptar nossas necessidades de acordo com a potencialidade de cada mídia. No cerne das diversas plataformas, seja por texto, vídeo, imagem, está a comunicação como finalidade última. Desta forma, não existe uma melhor que a outra, apenas novas possibilidades para entrar em contato.

Partindo para um recorte macrossocial, a comunicação tem se mostrado um elemento precioso diante de tanta informação difusa, desencontrada e, lastimavelmente, falsa. A comunicação profissional, desempenhada pelos colegas jornalistas, se torna vital ao passo que pode salvar vidas ao informar as formas corretas de higiene e cuidado pessoal. Da mesma forma, cientistas trocam informações sobre experimentos, testes, metodologias e relatórios sobre possíveis medicações e a tão esperada vacina. Diante da circulação de fake news e links fraudulentos, instituições governamentais e privadas emitem comunicados e notas oficiais indicando quais informações são verídicas.

Neste cenário que presenciamos diariamente, ainda que não estejamos desenvolvendo medicamentos ou atendendo em hospitais, nós comunicadores desempenhamos um papel fundamental. Seja na redação dos jornais, nas assessorias de imprensa, comunicação institucional, agências de publicidade e tantos outros setores, estamos produzindo e difundindo informação. Em meio aos prazos, demandas e imprevistos, por vezes, podemos esquecer que nossa profissão está além das mídias. Trabalhar com comunicação social é ter a responsabilidade de responder à necessidade vital e humana de comunicar e ser comunicado.

Francys Albrecht da Rosa – Bacharela em Jornalismo e Mestra em Mídia e Estratégias Comunicacionais pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Possui experiência em assessoria de comunicação e imprensa e produção de conteúdo. O e-mail disponibilizado para contato é ar.francys@gmail.com.