NOVA COLUNISTA: Flávia Mendes - Comunicação de Impacto Social.

Comunicação para Projetos Sociais das Empresas

Em 2015, publiquei um capítulo chamado ‘A marca como poder simbólico para transformação social de comunidades no Brasil’ no livro ‘Marketing e Comunicação para Projetos Socioculturais’, da Difusão Editora, com o objetivo de mostrar um caso muito interessante – do Banco Itaú -, de impacto social; o microcrédito.

Naquele momento, não havia ainda as chamadas fintechs, que estão revolucionando o mercado financeiro e de crédito. Não havia outras formas de se conseguir crédito a não ser pelos bancos tradicionais e com juros altíssimos.

O Banco Itaú criou na época uma oportunidade para pequenos empreendedores e microempreendedores em comunidades do Rio de Janeiro e São Paulo – pessoas que conseguiriam, através do crédito, ter uma chance de melhorar de vida e impactar outras vidas com seus negócios.

Estudei esse caso porque vi um exemplo muito prático de comunicação de impacto social. A empresa analisada utilizou de diversos canais de comunicação efetivos para disseminar essa ideia.

No capítulo foi feita uma análise minuciosa dos fatos comunicados pela empresa e quais foram os valores compartilhados nas ações de comunicação. A base teórica da pesquisa veio do conceito de comunicação para desenvolvimento e mudança social. Os autores Melkote e Steeves (2001) entendem que esse tipo de comunicação é a construção de significado compartilhado, portanto, uma comunicação que tem como propósito o diálogo e não somente a exposição de uma mensagem para um grande público.

Empresas que estão dispostas a trabalhar com este tipo de comunicação precisam estar dispostas a ter uma troca com a sociedade. Este modelo de comunicação institucional tem se tornado mais forte ao longo dos anos, principalmente diante das inúmeras crises que o sistema capitalista vem sofrendo.

O propósito desta coluna é trazer exemplos – positivos ou não – para pensarmos o quanto nossa sociedade está alcançando a proposta de ganho social, na qual empresas, indivíduos e governos podem ganhar sempre, mas não da maneira tradicional que conhecemos, de ganho financeiro mas, sim, de ganho socioambiental que implica em mudanças benéficas para todos. Todos podemos ganhar com uma sociedade mais engajada e mais disposta a se adaptar às mudanças que estamos vivenciando.

Em outro livro, mostrei que a comunicação para o desenvolvimento e mudança social significa influenciar comportamentos através de uma participação genuína dos indivíduos de uma sociedade ou comunidade que contribuam para um ganho social que, como consequência, construirá relações genuínas entre esses indivíduos.

Talvez um vírus tão mortal não tivesse tanta força se já estivéssemos colocando em prática nossa habilidade de colaboração, integração e construção de relações mais genuínas. Vamos em frente!

Flávia Mendes é consultora e professora de graduação e pós-graduação em projetos de comunicação, sustentabilidade e responsabilidade social.

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