NOVA COLUNISTA - Bruna Prado - Escuta ativa: a prática para a gestão de conflitos entre gerações.

Muito se fala atualmente sobre a inteligência emocional, sobre questões de saúde da mente no ambiente social e de trabalho e como se busca uma vida profissional que traga sensações de satisfação e qualidade de vida.

Conforme diversos estudos atuais e cursos de liderança que abordam a Geração Y, sabe-se que este é um público que traz consigo fortes ambições e novas necessidades comparadas à geração anterior, e mesmo com as evoluções cotidianas, há algo que ainda preocupa muitos gestores e colaboradores: os conflitos de ideias.

É comum que novas ideias e perspectivas possam incomodar, principalmente quando elas interferem em processos já enraizados, seja numa empresa, ou em questões pessoais. Um exemplo atual é a implementação do home office por conta da Covid-19 em diversas empresas em todo o mundo. Esta prática foi aceita com mais facilidade por colaboradores na faixa dos 20 a 30 anos, mas ainda com resistência de colaboradores mais antigos, os quais já possuem um histórico de hábitos que perduraram por mais tempo.

Mas isso pode significar que a Geração X está obsoleta? Não necessariamente.

Cada profissional possui sua individualidade, como cada geração carrega seus principais valores, que mesmo não definindo totalmente um colaborador, pode ainda assim auxiliar em como deve ser a abordagem numa discussão saudável. Não há geração certa ou errada, apenas com contextos diferentes. Ainda assim, é visto diariamente, em diversas empresas de nichos variados, os embates corriqueiros entre colaboradores, gestores ou departamentos. Todas essas áreas com integrantes de diferentes idades, mas que discordam muitas vezes de acordo com seus valores pessoais.

De acordo com um dos conceitos de liderança de equipes aplicado aos conflitos organizacionais, numa discussão, é importante o entendimento aprofundado das intenções, isto é, ao perceber que ambas as pessoas conflitantes buscam uma solução em comum e apenas passam por um ruído na forma de expressar seus sentimentos, já então se conclui que é um processo mais fácil de ser resolvido e então pode ser introduzida a ideia da escuta ativa.

Mas do que se trata a escuta ativa?
Mais do que uma conversa, a escuta ativa se caracteriza numa habilidade de ouvir o próximo, perceber suas dores/emoções e retornar a mensagem sem julgamentos ou agressividade. Quando praticamos esta solução, a conversa tenderá a se tornar cada vez mais saudável.

Para desenvolver esta habilidade, vale se atentar com os seguintes fatores:

1. Afaste-se das interrupções: sejam celulares, pessoas ou computadores, separar um tempo para ouvir o próximo é essencial para a fluidez da conversa;

2. Identifique o sentimento e interesse da pessoa: por meio das perguntas, tente saber mais sobre como a pessoa se sente, sobre suas ambições, o que ela busca como resultado, suas preocupações, dúvidas… Busque entender
cada detalhe para que a pessoa seja compreendida e então você possa formular uma resposta coerente com o contexto;

3. Elabore uma resposta neutra, a qual mostre a sua empatia: colocar-se no lugar do outro pode não ser tão fácil, mas é importante entender que toda pessoa possui sua subjetividade, portanto, uma resposta coerente com os
sentimentos e interesses da pessoa tornará a discussão muito mais assertiva.

E como aplicar a escuta ativa nos conflitos entre gerações?

Um fato é que conflitos no ambiente de trabalho podem ser recorrentes, então quando se encontrar numa situação desse tipo, é importante seguir os passos da escuta ativa, como também compreender o princípio de cada geração, respeitando as suas características básicas para melhor convivência.

– Para a Geração X (nascidos entre o fim dos anos 60 até o início dos anos 80): jovialidade não é ingenuidade. A mudança constante e evolução rápida das ambições são características da geração Y – também conhecida como
millenials. Um millenial pode não se interessar por estabilidade e rótulos, como sua personalidade inventiva pode ser vista como um potencial. Procure entender seus motivos de mudanças, solicite dados, referências; afinal, esta
geração busca informação continuamente.

– Para a Geração Y (nascidos no fim dos anos 70 até o início dos anos 90): não menosprezar o conhecimento dessa geração é essencial, visto que,  mesmo não sendo nativos digitais, um grande fator da geração X é a sua carga de experiência, maturidade e autossuficiência; seus conselhos podem ser de valor quando dada a oportunidade. Lembre-se, esta geração passou por revoluções históricas e são especialistas em suas áreas com forte inteligência racional.

Ouvir o próximo e entender seu contexto torna muito mais prática a conversação construtiva, esta que pode gerar mais flexibilidade das ideias, independente da geração. Aplicar a escuta ativa no ambiente corporativo, seja para resolver uma situação própria ou conciliar a equipe é um fator relevante no comportamento de um bom profissional.

Bruna Prado é formada em Propaganda e Marketing, com MBA em Marketing e Redes Sociais e MBA em Mídias Digitais e Inteligência de Negócios. Estudante e entusiasta de psicologia corporativa, a autora possui experiência profissional em marketing digital e customer insights. LinkedIn:https://www.linkedin.com/in/pradoabr/