NOVA COLUNA: ESG PARA TODOS - A mudança (que ainda) causa medo. Por Livia Spiniella.

Livia Spiniella, relações-públicas, especialista em sustentabilidade, trabalhou 15 anos em empresas B2B nos setores industrial, civil e de saúde. Em 2019 montou a Mundo Social, consultoria de Comunicação e Sustentabilidade que ajuda a implantar a nova realidade ESG e a divulgá-la para seus públicos. Aqui, faz um relato de porque a mudança em caminho da sustentabilidade causa medo dentro das empresas ou mesmo das instituições de ensino.

Assuntos como igualdade de gênero, diversidade, inclusão, são em muitos setores vistos com ressalvas. Vamos pegar, por exemplo, o mercado financeiro. Seus players estão mais do que nunca pressionados para “olhar” esses temas… o que por lá é hoje visto como ESG! Um setor que sempre foi, como muitos, majoritariamente masculino. Como que, da noite para o dia, vão passar a deixar de fazer piadinhas machistas, misóginas, homofóbicas? Isso causa medo, não há como não causar.

Conversando com um amigo muito próximo do financeiro eu tentava explicar a diferença entre os ODS e o trinômio ESG, mas o medo era grande… ouvi frases como “nós não vamos passar a aplicar só em ações de empresas que se dizem alinhadas à pauta ESG… eu vou aplicar no que traz lucro para o cliente”, “se eu colocar uma pessoa de sustentabilidade lá dentro, e ela ouve uma piadinha besta nossa, terá material para incriminar a gente”, “eu acredito em educação… vou apoiar isso, não em outras causas”, “meus filhos já não serão racistas, mas não tem como querer que a nossa geração mude”.

Se você me perguntar se ele é racista, se faria mal para um homossexual, se ele não está interessado em mudar a realidade do país, minha resposta de bate-pronto seria não para todas! A confusão do que ele me trouxe está ligada ao medo da mudança que se aproximou da empresa em que trabalha. No meio financeiro, agora todas as exigências são parecidas e deve-se satisfações sobre práticas de ESG.

Tudo que envolve mudança nos causa medo!

O ideal é que se entenda o problema por partes:

1) Sempre avaliar a empresa internamente e a necessidade de mudanças culturais – sabemos que, independente do setor, mudanças são de difícil assimilar;

2) A questão específica do mercado financeiro que está se direcionando a investimentos em ações de empresas que já estejam olhando para a visão ESG (traduzindo para o português: do ambiental, do social e da governança).

Nós que conhecemos a teoria da sustentabilidade e que estamos vendo essa realidade se aproximar do dia a dia de outros públicos, vemos que muitos estão se assustando, mas que, por outro lado, isto trás para perto o pensar na urgência e o tanto que estamos, sim, envolvidos e precisamos mudar… porque, por menos que não queiramos fazer mal para os outros, o não pensar a respeito pode, sim, ferir.

Ficar no lugar = continuar estragando. Mudar = conseguir melhorar.

De que lado você, seja empresa seja pessoa, quer estar?