Nó no peito. Por Neusa Medeiros.

Em meio aos dias de glória existem os de luta e os de perdas – que são inevitáveis. Reconhecer que as flores podem também ter espinhos é prudente. Saber abraçar e acolher os bons momentos é um alento, um combustível que podemos armazenar para utilizar naqueles dias em que os tropeços e as possíveis quedas são reais.

A verdade é que os recomeços são possíveis, mas nem sempre são evidentes. Ficam adiados porque nem percebemos a sua existência quando a queda acontece. Focamos nos tropeços, lamentando tanto que esquecemos de olhar para as possibilidades. Sentimos a dor da queda e nos apegamos à pedra que nos derrubou como se ela fosse nos salvar e, na realidade, ela pode nos afundar.

Sofremos tempo demais, por motivos tão tênues que ficamos sem forças para as batalhas maiores. Abandonamos a coragem e damos lugar ao desânimo, nos fragilizando como se não houvesse amanhã. A dor nos engessa e ganha poder na medida em que supervalorizamos a sua força e não calculamos os seus efeitos. Como a dor vive de lamentos, não nos deixa tão cedo. Se alimenta do nosso choro, da saudade, do que já foi. Não quer que a gente avance, pois sabe que se passarmos para uma nova fase ela ficará para traz e na realidade, quer ficar em evidência, sabe-se lá até quando.

Os recomeços exigem determinação, por isso qualquer movimento é mais salutar que a inércia. Ser protagonista da própria vida é uma dádiva que não devemos terceirizar. Ela nos pertence. Mesmo errando, foram tentativas nossas em direção ao autoconhecimento. Correr o risco, acreditar que é possível, e que os fatos não nos definem, pode nos ensinar. Um aprendizado com base nos acertos e nos erros, na coragem, no desafio de se permitir avançar até mesmo quando a vida diz não.

E vale se perguntar: que importância essa dor terá daqui a um ano? Que valor esse aprendizado irá me oportunizar? Não é ignorar a dor, mas aprender com ela. E, como diz o compositor Gilberto Gil, reconhecer que é preciso aprender a só ser! Tirar proveito disso, olhar para trás e dizer: foi difícil, mas venci! É sobre isso!

Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.