Nesta gangorra diária que é viver, aprendi algumas máximas. Que a confiança envolve riscos; que sou as escolhas que faço, todos os dias; que posso mudar algumas certezas de lugar, pois o autoconhecimento é um processo sem fim.
Reconheço que nem tudo depende só da gente. Como num jogo de quebra-cabeça, as peças precisam se encaixar. Revisitando o manual da boa convivência percebo que pessoas mal resolvidas também podem bagunçar a nossa vida, pois estão sempre lá e cá, ora afirmando, outras vezes negando. Ou nos salvamos pela intuição ou somos condenados pela insistência.
Nas lutas que travamos, aprendemos a fazer e a desfazer planos. O aplicativo GPS imaginário – que habita na gente – deveria avisar a rota certa, mas seguidamente erra e então, lá adiante, percebemos que nos equivocamos com a pseudo-verdade e precisamos conviver cara a cara com a dúvida. Então vamos fazendo escolhas que nem sempre nos definem por inteiro, somente por partes.
O fato é que a dúvida é inimiga da felicidade. Ela chega antes e se atravessa no caminho, carrega na essência um sentimento de incerteza ou de desconfiança a respeito da verdade, trazendo indecisão. A dúvida atrapalha. Impede de seguirmos livres e soltos porque não combina com a certeza. O prejuízo de ficar só imaginando pode ser cruel, pois acreditar faz a diferença. Sendo assim, não aceite meias verdades, pois elas fazem um estrago danado dentro da gente.
A boa notícia é que o futuro não está definido. Que não devemos entregar a chave da nossa vida para ninguém entrar e sair quando quiser. Que as nossas conquistas pessoais e profissionais são nossas de fato. Por isso, é tão importante não desperdiçar a vida com dúvidas, mas investir na coragem.
Ser feliz dá trabalho, traz questionamentos, inseguranças, incertezas. Nunca sabemos como tudo acabará ou até se irá acabar. Mas, como citou a escritora Cora Coralina, “mesmo quando tudo parece desabar cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar, porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir”.
–
Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.