Na comunicação interna, quanto mais 'tech', mais 'touch'. Por Nayara Brito.

Não é de hoje que nós comunicadores discutimos sobre o futuro do trabalho. A preocupação sobre como se comunicar com os colaboradores em home office sempre esteve em pauta, mas como não havíamos estado sobre a pressão urgente da transformação digital – como nesse momento – esse assunto sempre ficava para os planos futuros.

A comunicação interna nas organizações esteve, inicialmente, baseada em uma comunicação traduzida em canais e formatos analógicos e verticalizados. O desafio de se comunicar com colaboradores externos, por exemplo, ou até mesmo com os funcionários da fábrica, sempre foi uma questão muito delicada e que em muitos casos, comprometia a efetividade da informação entregue a esses públicos. Fosse pela distância ou pela rigidez da jornada de trabalho.

Distância e inflexibilidade. Como resolver esses dois tipos de ‘problemas’ dentro da comunicação interna? A tecnologia, por sua vez, pode solucionar o problema da distância e da inflexibilidade. É fato que as ferramentas digitais proporcionam mais facilidade e agilidade, entretanto elas não possuem o poder de melhorar a comunicação. Elas facilitam o envio da mensagem, oferecem uma possibilidade maior de interação entre as pessoas, porém é o conteúdo abordado e a cultura organizacional vivenciada que terão o poder de conectar o propósito da organização aos seus públicos internos.

O segredo da conexão está em entender e atender a necessidade do outro e para isso se faz necessário conhecer e ouvir o público em questão. Comunicação interna não é somente sobre os interesses das organizações para com os empregados, mas também sobre as expectativas dos empregados para com ela. A relação entre empresa e colaborador deve ser uma relação ‘ganha-ganha’, onde ambas as partes desfrutam de um relacionamento colaborativo e cocriado, contribuindo para o bem-estar organizacional e humano de todos os envolvidos.

Bem-estar e segurança elevam o nível de confiança das pessoas em determinado ambiente. E é este tipo de ambiente que as organizações precisam desenvolver e proporcionar aos seus empregados, mesmo que de forma virtual ou digital. Os colaboradores, nessa era da comunicação interna à distância, devem sentir das organizações não somente a preocupação com a produtividade ou motivação no trabalho, mas também a demonstração de empatia, compreensão e afetividade da mesma para assuntos que, a priori, fogem do contexto corporativo, mas que contemplam o colaborador como ser humano completo e complexo.

Para que uma organização seja tech e seja touch, ela precisa reconhecer que o seu papel dentro da sociedade vai além da sua posição e desempenho no mercado. As empresas oferecem produtos, soluções e empregos que visam melhorar a rotina das pessoas e é aqui que ela explora o seu poder social de ser tech, de ser digital e de se aproximar cada vez mais dos seus públicos. No entanto, não existem organizações sem pessoas e essa é a chave principal para ser touch.  São elas que fazem tudo acontecer: seja no consumo ou na atividade laboral. Humanizar as relações de trabalho por meio da tecnologia é um desafio que o novo contexto social e organizacional traz para todos nós, inclusive, comunicadores.

Imagem: Freepik.

Nayara Brito é relações-públicas e dedica suas escritas a temas que geram identificação e transformam pensamentos. Produtora de conteúdos organizacionais focados em comunicação interna, sempre busca trazer em seus textos o toque especial de uma comunicação mais humanizada. Acompanhe seu trabalho também em https://www.linkedin.com/in/nayarabrito/.