Nas últimas semanas, as redes sociais têm se consolidado como palco central da disputa eleitoral em São Paulo. Entre os dias 6 de agosto e 4 de setembro, candidatos ao cargo de prefeito e vereador investiram somas significativas em anúncios impulsionados, com o valor total chegando a R$ 2.011.700,00, segundo dados da Meta. Apenas na última semana, R$ 1.751.400,00 foram gastos com essa ferramenta, destacando a importância crescente das plataformas digitais na busca pelo voto.
Esse fenômeno reflete uma mudança drástica na estratégia de campanha dos candidatos. O impulsionamento de conteúdo nas redes sociais se tornou indispensável, principalmente em um cenário no qual o tempo na TV e no rádio é cada vez mais escasso. As redes sociais permitem uma interação direta com o eleitor, criando uma proximidade que a mídia tradicional não alcança.
Candidatos como Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB), Marina Helou (REDE), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB), foram alguns dos que mais investiram nesse tipo de estratégia, com gastos milionários. A tendência é clara: os recursos direcionados às plataformas digitais são considerados cruciais para a construção de uma imagem sólida e para alcançar um número expressivo de eleitores.
Chamo sua atenção para as diferenças entre os gastos dos candidatos a prefeito e a vereador: nas campanhas majoritárias, os candidatos precisam atingir toda a população, então utilizam todos os meios de comunicação disponíveis: redes sociais, televisão, rádio e até a tradicional panfletagem. Já nas campanhas proporcionais, como as de vereador, o foco é muito mais segmentado. Elas definem um recorte específico de eleitores, seja por perfil social ou localização geográfica, e trabalham em cima disso.
Tal distinção explica, em parte, por que candidatos à prefeitura – que precisam atingir um público muito mais amplo – investem quantias significativamente maiores em suas campanhas digitais. Por exemplo, as páginas do candidato Pablo Marçal (PRTB), conhecido por sua presença digital, apresentaram um engajamento oito vezes maior que o de seus adversários somados, demonstrando a força da internet no alcance eleitoral.
Outro fator importante é a inovação tecnológica que está sendo utilizada por algumas campanhas. Além do impulsionamento, temos visto o uso de ferramentas como a realidade aumentada, a qual visa aproximar ainda mais o eleitor do candidato, tornando a experiência mais interativa e imersiva.
Com o fim das limitações impostas pela TV e pelo rádio, a internet se transforma em uma arena decisiva para as eleições municipais, permitindo que o público participe ativamente e decida não apenas com base em um discurso, mas em uma interação contínua e direta com os candidatos. Esse novo modelo de comunicação pode redefinir o resultado das urnas em 2024, tornando as redes sociais em principais protagonistas no cenário eleitoral de São Paulo.
A digitalização das campanhas não é uma tendência passageira; ela veio para ficar. E o sucesso de uma campanha eleitoral hoje depende de como o candidato consegue usar essas ferramentas para construir uma narrativa autêntica e envolvente para o eleitorado.
Com milhões sendo investidos a cada semana, o impacto dessa corrida virtual promete influenciar profundamente os rumos da política na maior cidade do Brasil. As redes sociais, antes apenas uma peça acessória nas campanhas, agora ocupam o centro da disputa pelo voto.
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Eduardo Micheletto é jornalista e radialista pós-graduado em Comunicação Organizacional e em Comunicação & Marketing. Atualmente é Diretor da Micheletto Comunicação.