Marinamorfose ambulante.

MarinaSilva.RooseweltPinhei

Eu ia escrever sobre os debates com os candidatos presidenciáveis, mesmo com o modelo papai-mamãe em que estão estruturados, na falta de organização do debate na Bandeirantes em que uma candidata, Luciana Genro, não teve nenhuma pergunta feita a ela – que, por sinal, defende alianças com a Venezuela, Equador e Bolívia para a nossa política externa e acha que você tem (ainda) que escolher entre negociar com banqueiros ou com a classe operária; discurso de meados do século XX.

Mas a candidata “tsunami” é o objeto deste texto aqui. Está bem que houve pressa no lançamento do programa, depois da morte de Eduardo Campos, causando um desgaste com o vai e vem da questão do casamento LGBT. Marina sempre se disse a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo, pois matrimônio é “sacramento”. OK. Mas, por acaso, ela pretende mandar algum projeto para que a união civil LGBT se estabeleça como lei? Sim porque ela só existe, hoje, se o casal entrar na Justiça.

Mas, agora, ela dá uma declaração de que considera a punição dos torturadores e assassinos da ditadura um “revanchismo”. No mesmo dia, o Clube Militar – um nicho de ex-torturadores e assassinos da ditadura civil-militar que durou 21 anos – lança nota de apoio à candidata do PSB.

Não dá, simplesmente. Ela saiu de uma postura que parecia ser possível, vem de um histórico de batalhas e batalhas pelo meio ambiente, sempre dizendo-se a favor dos pobres, mas, agora, está representando o pior da direita, e, não por ter Neca Setúbal na sua equipe. Mas por se mostrar cadavez mais conservadora.

Um grande amigo, parte da REDE, me disse que, em matéria de sexo, ela é “uma freira”.

Para terminar, deixo o link de um artigo de Leonardo Boff, que a apoiou com intensidade e alegria nas eleições de 2010:

http://leonardoboff.wordpress.com/2014/09/04/com-marina-os-pobres-perderam-uma-aliada-e-os-ricos-ganharam-uma-legitimadora/

Sobre Marcia de Almeida

Jornalista, escritora, roteirista, videomaker e militante da cidadania. Carioca de Botafogo, e botafoguense de coração, escreveu 4 livros de ficção e foi por muito tempo correspondente internacional, quando cobriu a guerra da Bósnia. Integra a Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ e, assinou mensalmente, por dois anos, no Caderno RAZÃO SOCIAL d’O Globo, a coluna Razão & Cidadania, abrangendo temas relacionados a minorias: LGBTs, pessoas com deficiência, ciganos, racismo, vítimas de intolerância, preconceito etc.