Marcas e opinião pública: voz e atitude. Por Nayara Brito.

Confesso que quando ouvi dizer que marcas emprestam sua voz à opinião pública, não sabia como concretizar essa informação em meu pensamento. Pensei muito a respeito disso, principalmente em relação ao posicionamento e defesas de causas que, a cada dia, tem crescido por parte das organizações, seja disseminando em sua cultura, seja influenciando públicos a partir de seu discurso. E aqui, gostaria de dar um alô para a nossa querida coerência: ela é quase tudo nesse processo de legitimação de teorias e práticas comunicadas pelas marcas e percebidas pela sociedade. Sem ela, a coerência, o chão das marcas se torna, inevitavelmente, escorregadio (… e o tropeço vem!).

O fato é que em minha primeira compreensão sobre o tema, entendi que emprestar voz à opinião pública não é apenas sobre ecoar valores e sim, sobre amplificá-los. Explico: quando uma marca assume uma causa p’ra chamar de sua, ela não deve apenas ecoar os valores que defende, repetindo teoricamente seus discursos até que eles se esvaiam pelo ar social. Mas sim, amplificá-los, ou seja, expandir a potência de toda a voz que possui, a fim de se fazer escutar, em alto e bom som, o compromisso afirmado, impactando positivamente a audiência que a acompanha, contribuindo com sua temática.

E, vamos combinar, não há voz que ressoe melhor do que as atitudes coerentes de uma marca. Não só atitudes realizadas de maneira projetada, mas principalmente aquelas corriqueiras, da rotina, que circulam pelo mundo digital – e no físico também -, que muitas vezes podem fugir do controle da empresa mas que, ainda assim, se tornam mais do que exemplos de boas práticas, evidenciando um verdadeiro compromisso firmado, executado e continuado. O maior cuidado das organizações ao assumir a responsabilidade compartilhada de uma causa, não é sobre a imagem que ela acredita projetar para seus públicos, e sim, creditar à legitimação – a percepção e resposta – deles o sentimento de dever organizacional e cultural sendo cumprido.

É difícil basearmos uma verdade propriamente pelo que vemos nas redes corporativas e sociais das marcas, afinal, tudo é tendenciosamente perfeito por lá. No entanto, quando elas por ventura vierem a falhar na transmissão de suas ações, nada nos impede de interferir na programação e colocar a nossa legítima voz como a principal a ser escutada, assimilada e considerada. Nós, como sociedade, é que devemos dar o tom que queremos; seja no sussurro de esperança, no canto de coragem, ou ainda, num grito de indignação. Afinal, mesmo que emprestada pelas marcas, a voz ainda é nossa, e temos um ideal de melodia a qual queremos escutar, apreciar e vibrar.

Imagem: Pexels.

Nayara Brito é relações-públicas e dedica suas escritas a temas que geralmente causam inquietações e questionamentos em sua mente. Sempre pautada em assuntos que se originam da comunicação como um todo, procura transmitir um pouco de suas reflexões, experiências e estudos por meio de seus conteúdos. Acompanhe seu trabalho também em https://www.linkedin.com/in/nayarabrito/.