IPEA: um mico histórico.

04/04/2014 16h13 – Atualizado em 04/04/2014 21h07

Ipea diz que são 26% e não 65% os que apoiam ataques a mulheres

Instituto do governo informa que errou ao divulgar pesquisa sobre estupros. Constatado erro, diretor de Estudos e Políticas Sociais pediu exoneração.

Do G1, em Brasília

Correção pesquisa Ipea violência contra mulheres (Foto: Editoria de Arte / G1)

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do governo federal, informou nesta sexta-feira (4) que errou ao divulgar na semana passada pesquisa segundo a qual 65,1% dos brasileiros concordam inteiramente ou parcialmente com a frase “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. De acordo com o instituto, o percentual correto é 26%.

O diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, o cientista social Rafael Guerreiro Osório, pediu exoneração assim que o erro foi constatado, informou o instituto. Osório ingressou no Ipea em 1999 e é autor de estudos sobre mobilidade social, desigualdade e pobreza.

COMENTÁRIO

O clipping de Marcia de Almeida “diz” tudo e complementa a polêmica que ela mesma repercutiu aqui, neste Portal OCI, em sua coluna de 28 de março último, quando da divulgação da – malfadada – pesquisa. Acrescento apenas que o resultado – certo (certo?) – divulgado até com alívio pelo IPEA, em minha opinião, é PIOR que o anterior. Porque a tal porcentagem de 65% de respostas afirmativas, agora, é para outra questão proposta; “Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar”. QUEM formulou essas questões? QUAL o seu objetivo? Nem um cientista social do instituto imaginou que a mulher pode ser a dona da casa e que “o parceiro” não quer sair? Ou que “continua com o parceiro” por causa dos filhos? Ou que não tem para onde ir? Ora, o IPEA, parece, dispensou o bom senso, a pertinência, o rumo e – pior – a reputação. E acaba dando razão aos seus detratores. Na mídia e fora dela. Marcondes Neto.

Sobre Marcia de Almeida

Jornalista, escritora, roteirista, videomaker e militante da cidadania. Carioca de Botafogo, e botafoguense de coração, escreveu 4 livros de ficção e foi por muito tempo correspondente internacional, quando cobriu a guerra da Bósnia. Integra a Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ e, assinou mensalmente, por dois anos, no Caderno RAZÃO SOCIAL d’O Globo, a coluna Razão & Cidadania, abrangendo temas relacionados a minorias: LGBTs, pessoas com deficiência, ciganos, racismo, vítimas de intolerância, preconceito etc.