Ansiedade. Insônia. Burnout. Depressão. Apatia.
Tristeza. Desânimo. Síndrome do pânico. Apagamento.
A pandemia nos trouxe a obrigatoriedade do isolamento social, as incertezas e o luto por tantas perdas de pessoas queridas, próximas e distantes de nós, e afetou nossa saúde mental e de muitos à nossa volta.
O lado bom é a possibilidade que se abre de procurar ajuda e quebrarmos alguns tabus como “quem procura psicólogo é louco”, “quem fica deprimido é fraco”, “quem trabalha muito e está feliz está isento de burnout”.
Para além da pandemia e seus efeitos sociais, econômicos e pessoais na saúde mental da população, especialistas “psi” e de internet começam a nos mostrar que há uma “cultura da ansiedade” criada pelo excesso de exposição às redes sociais.
Como nasce a “cultura da ansiedade”?
O especialista Ronaldo Lemos, professor nas Universidade de Columbia em Nova York e de Tsinghua em Pequim, lista alguns itens do que nomeia ser uma Grande Ruptura.
A Grande Ruptura traz uma perversa mudança de paradigmas com o desprezo à produção cultural e sua tradição.
Como se constrói a “cultura da ansiedade”?
Com apelo exagerado às emoções e ao pensamento rápido.
As imagens com derivações de ansiedade e que transmitem uma emoção (medo, pânico, estresse, tensão, horror) e suas contraposições (relaxamento, meditação, tranquilidade, distração) são campeãs de engajamento.
A psicanalista Maria Homem traz mais componentes para enriquecer a tese. Ela usa os termos Egos Inflados e Superegos Supercríticos para tecer relações entre saúde mental e redes sociais.
Ego e Superego são instâncias psíquicas conceituadas pela Psicanálise. De forma simplificada, podemos dizer que o ego é a instância responsável pelo contato com a realidade e o superego é responsável pela interiorização de regras sociais e da capacidade de julgar criticamente a nós mesmos para a tomada de decisão.
Nas redes sociais assistimos à transformação de egos em Egos Inflados e Superegos Supercríticos.
Boa parte da ansiedade que sentimos deve-se à sensação de inferioridade criada a partir da amplificação de comparações.
Nas redes sociais é comum vermos “super pessoas”, “super bem-sucedidas”, “superfelizes”, são os egos inflados!
E de outro lado, complementar, há pessoas cumprindo o papel de superegos supercríticos que julgam e comparam uns com outros esquecendo que a riqueza está nas diferenças.
As imagens nos atraem com gratificações imediatas que pedem uma tomada de decisão rápida, como no caso dos memes.
Nos obrigam a privilegiar um tipo de pensamento definido pelo Nobel de Economia, Daniel Kahneman como “pensar rápido” em contraposição ao “pensar devagar”.
As características do “pensar rápido” são a resposta automática, sem elaboração e com forte apelo emocional.
Para uma inserção de poucas horas ao dia nas redes sociais é divertido e compreensível que usemos o “pensar rápido”, mas se pensarmos em uma exposição de “7 X 24”, é danoso.
Para finalizar, é importante ainda mencionar outro resultado perverso advindo desta superexposição às redes sociais e que em parte justifica o atual sentimento de “apagamento”.
O apelo à experiência imediata que as redes sociais promovem impede uma conexão verdadeira e duradoura que nos humaniza.
Cria-se um tipo de solidão.
Solidão é o que fica no final de um dia de superexposição nas redes sociais e, para nos aliviar, mais telas…
Aqui podemos usar o conceito de “isolamento social percebido” do neurocientista John Cacioppo, da Universidade de Chicago.
Isolamento social é a ausência de laços significativos de amizade, relacionamentos familiares, comunidade e/ou no trabalho.
Para o autor, devemos nossa força à nossa capacidade de planejar, comunicar e trabalhar com o outro. Queremos ser um alguém com quem os outros possam contar e por isso a conexão é nosso objetivo.
Conscientes poderemos deixar de ser isca para sermos protagonistas de um modelo de atuação nas redes sociais mais saudável e produtivo.
Levante a mão quem está nesta onda de protagonismo!
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#saudemental #pandemia #redessociais #mentoriavidaecarreira #cuidandodagente
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Eu sou Laize de Barros, ajudo pessoas a alinhar Vida e Carreira com mentorias e cursos. Psicóloga e Mestre em Psicologia e Educação (USP), colunista da Comunidade Marketing da Gentileza e do Observatório da Comunicação Institucional. Escritora das minhas histórias e das que espio nas janelas da vida. @laizedebarros IN IG