Entre os desencontros das cortinas
O olhar drama anuncia um vaqueiro sem diálogo,
Convida a plateia à sua auto visitação
Pela letra cênica parturia-se menino/rei.
O reinado da ilusão turva a imagem
Cumpre ofícios, ritos de permanência
Retina herança que avança para os anos
Oceanos imperiosos de desejos, de conquistas.
Lunetas são olhos de um João
que alcançam a beleza de Gravatá
Com seus nós embrulhando,
Modulando vozes, verbos sem garganta.
A fúria natural dos olhos furados
Das pestes, surtos e desastres
Arrancam forças de gente forte
Que renasce p’ra sobreviver, que acorda para viver.
Teatro colônia/Alteza domínio/natureza destino
Tantas lágrimas nos óleos escorrem, lubrificam
Por sê-lo brilho da história de tantas Marias
Alegrias, alegorias identidade de cada único.
Cidade íris: colorida união de sua gente
Vila, aldeia litoral que aparta
Dias de outros dias, diafragma de sóis postos na cor viva
De rosto inteiro em midríase, iluminados de sombra.
O desenho panótipco do giro visão
Observa ação de não se entender parado
Circula o olhar do povo que se enxerga pelo cego
Pela força da ponta da vista, da ponta do lápis
Que a palavra risca.
–
Renata Quiroga é psicanalista, coordenadora de Serviço Social, Psicologia, Psicanálise e Psicopedagogia – PSFP.