GOVERNANÇA DA INOVAÇÃO - 8 Modelos de Governança da Inovação.

Sabemos que a governança da inovação é ‘o jeito de fazer as coisas aqui’, ou seja, a maneira como a empresa se estrutura para incentivar que todos os processos relacionados à inovação possam ser cumpridos e controlados. De maneira simplista, é a rotina estipulada para incentivar a inovação.

Mas, apesar de não existir uma fórmula padrão para a implantação da Governança da Inovação, existem alguns modelos utilizados pelas empresas mais inovadoras do mundo que, comprovadamente, dão certo.

Os professores Jean-Phillippe Deschamps e Beebe Nelson, do Instituto Internacional de Desenvolvimento em Gestão – IMD, desenvolveram uma pesquisa durante o ano de 2014 com as 133 empresas mais inovadoras dos Estados Unidos, Europa e Ásia, buscando reconhecer os modelos de governança da inovação mais utilizados em cada uma dessas empresas. A pesquisa resultou em 8 diferentes modelos, que você pode conferir resumidamente abaixo:

1) A alta administração sendo o comitê de inovação: neste modelo quem exerce a responsabilidade pela inovação da empresa é um grupo formado pela alta administração, fazendo com que a inovação seja tratada de forma multidisciplinar e orientada do topo. Dessa forma, a governança tende a enfatizar mais fortemente a criação de novos produtos e serviços, deixando os processos como secundários. Empresas como Nestlé, Lego e IBM se utilizam deste modelo de governança da inovação.

2) O CEO da empresa como precursor da inovação: neste modelo destaca-se a figura da liderança principal da empresa, normalmente seu fundador, como sendo o precursor e orientador da inovação. Dessa forma, a inovação representa a prioridade máxima da empresa e a cultura organizacional é totalmente orientada em prol da inovação. Empresas como Apple e Facebook são exemplos que se utilizam deste modelo.

3) A formação de um comitê de inovação: neste modelo é formado um comitê de inovação que será responsável pelo tema dentro da organização. Difere do modelo 1, pois as pessoas são escolhidas conforme seu entusiasmo pela temática, independentemente do cargo ou nível hierárquico dentro da empresa. Neste caso, as inovações são mais incrementais do que disruptivas. Empresas como Philips, TetraPak e Roche são exemplos da utilização deste modelo.

4) O Diretor de P&D ou Diretor de Tecnologia como responsáveis pela inovação: este modelo é encontrado em empresas que investem fortemente em pesquisa e desenvolvimento, principalmente para a criação de novos produtos e serviços. Por isso, o departamento de P&D ou de tecnologia se tornam os responsáveis pela temática inovação dentro da empresa. Este modelo de governança é amplamente utilizado em países com forte tradição em tecnologia e engenharia, tais como Japão, Alemanha, Suécia e Suíça, sendo comum em montadoras de automóveis.

5) O departamento de inovação: é o modelo menos utilizado, em que existe um departamento específico dentro da organização servindo como catalizador do tema. É responsável por servir de suporte para todas as demais áreas, organizando as ações que incentivem e promovam a inovação dentro da empresa, além de medir os esforços e resultados destas ações. Este modelo trabalha mais o processo da inovação do que propriamente a aplicação da mesma. Um dos exemplos mais interessantes da aplicação deste modelo de governança é da empresa holandesa DSM.

6) Os intraempreendedores ou campeões da inovação: neste modelo a inovação não é propriamente delegada a alguém ou a algum grupo; são os próprios gerentes e colaboradores que, por iniciativa própria, começam projetos inovadores dentro da empresa. Não há um regramento ou um processo formal, apenas a cultura organizacional é orientada e incentivada para a geração de ideias por parte dos colaboradores. Empresas como 3M e PepsiCo são exemplos que utilizam este modelo.

7) Nenhuma estrutura: este modelo possui dois vieses. O primeiro, acontece em empresas nas quais o DNA empresarial já é totalmente voltado à inovação. Dessa forma, a inovação acontece naturalmente, sem a necessidade de uma estrutura formal para gerenciamento da inovação, ou a empresa ainda não encontrou o melhor modelo para se adequar. São exemplos as startups. O segundo viés é o de empresas extremamente tradicionais, que acreditam que a inovação não é um fator crítico e, portanto, não trabalham com nenhuma estrutura orientada para a temática.

8) O duo da inovação: este é o segundo modelo menos utilizado, onde são escolhidos apenas dois Diretores para serem responsáveis pelas ações da inovação dentro da empresa. Normalmente, são traçados planos de ação de curto prazo, mais ou menos um ano, para a realização de inovações incrementais, principalmente nos processos. Empresas de logística são as que mais se utilizam deste modelo.

Identificou-se com algum modelo?

Vale ressaltar que nenhum é melhor ou pior que o outro. Todos têm como objetivo estimular a criatividade e, por consequência, a inovação. Cada organização é única e, portanto, antes de implementar algum dos modelos, é preciso conhecer a fundo a organização e o mercado no qual ela atua. E, lembre-se, a Governança da Inovação não é um modelo pronto; nada impede de uma organização estruturar o seu próprio modelo, unindo as melhores características dos exemplos acima.

Tamiris Dinkowski é entusiasta e apaixonada por governança, inovação e o mundo das startups. É Contadora formada pela UFSM, especialista em Controladoria e Finanças pela PUCRS. Atua há mais de 5 anos com governança e gestão da inovação.