GESTÃO INTELIGENTE - Onda 'anti-woke' x DEI, a nova batalha corporativa que pode levar ao cancelamento. Por Regina Brito.

Desde a posse do presidente dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro deste ano, várias empresas têm recuado em suas iniciativas de Diversidade e Inclusão, retrocedendo nos avanços que o mundo tem feito para que todas as pessoas tenham oportunidades sem discriminação e violência. No Brasil, diversas empresas já emitiram suas posições a respeito, resultando em dois polos opostos que demonstram a evolução de algumas por terem os programas de DEI como valores inegociáveis para um mundo mais igualitário e outras que entraram na onda anti-woke (termo criado usado para definir as ações extremistas) e retrocederam em suas políticas de diversidade.

No cenário da comunicação especificamente, o assunto tem sido motivo de preocupação e atenção. Os profissionais que trabalham com Relações Públicas sabem que a ação de retirar programas de DEI das empresas na qual trabalham ou atendem pode ser benéfica financeiramente por conta das taxas e ameaças do atual governo americano, porém existe uma grande possibilidade de crises de imagem e reputação na mídia entre os consumidores dessas marcas, investidores e outros stakeholders responsáveis pelos negócios.

Um exemplo que posso citar é o caso da camiseta com uma suástica vendida na loja virtual do rapper Kanye West em um anúncio durante o Super Bowl. A promoção da venda do produto gerou não apenas uma indignação forte do público como também críticas, a perda da agência que cuidava de carreira artística de West, patrocinadores, site tirado do ar e mensagens contra a atitude extremamente deplorável do rapper.

Outro exemplo é o da Meta, com o pronunciamento de Mark Zuckerberg sobre flexibilizar os limites aos discursos de ódio, frequentemente destinados às mulheres, pessoas pretas, à comunidade LGBTQIAPN+, às pessoas plus size, além de retirar diversas iniciativas de DEI para grupos minoritários como a contratação de funcionários. A empresa tem lidado com uma grande crise de imagem na mídia e com as pessoas usuárias dos seus aplicativos.

As práticas de DEI foram criadas com o intuito de promover igualdade e respeito entre todas as pessoas e apesar de precisarem ser ampliadas em diversos setores, têm se mostrado eficazes para a inovação das empresas e para a conscientização de que qualquer tipo de violência direcionada a estes públicos é crime no Brasil.

Ao trabalhar com comunicação ou em qualquer área, procure sempre manter em mente a frase “conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.

Regina Brito é graduada em Relações Públicas pela Faculdade Paulista de Comunicação (FPAC) do Grupo Campos Salles, possui mais de 5 anos de experiência em atendimento de clientes na comunicação 360 graus durante a faculdade e no mercado, trabalhando com eventos corporativos, comunicação interna, gestão de crises e marketing digital – em organizações como Clarion Events e Centro Cultural São Paulo.