GESTÃO INTELIGENTE - Campanhas que cuidam e a necessidade da ética na comunicação digital. Por Regina Brito.

No universo da comunicação, as redes sociais se tornaram ferramentas poderosas para os profissionais da área. A criação de conteúdo tornou-se algo essencial para manter uma marca ou personalidade relevantes no mercado, objetivando alcançar os públicos-alvo certos com campanhas criativas, coloridas, com um copywriting bem feito que fixe – na mente das pessoas – produtos e serviços de que, às vezes, nem precisam.

Quando planos de comunicação passam por um bom briefing e pelo processo de brainstorming, o público-alvo é sempre trabalhado de maneira estratégica. Como atingir? Por qual canal? Via quais influenciadores? Qual a mensagem e o tom de voz corretos? Essas são perguntas básicas, porém o impacto do projeto pode trazer consequências permanentes para pessoas que já enfrentam problemas com sua saúde mental. Por este motivo, profissionais de comunicação precisam conhecer a fundo a quem suas campanhas estão sendo dirigidas.

No Tiktok, por exemplo, crianças e jovens adolescentes acessam conteúdos que muitas vezes são feitos por amadores da comunicação, que criam vídeos em looping com cores e mensagens que fixam na mente e trazem uma sensação efêmera de recompensa. O feed das redes sociais é como uma bolha na qual os jovens acessam conteúdos recomendados de acordo com aquilo que os algoritmos entendem que eles gostam. Imagine o seguinte cenário: uma criança de 11 anos chega da escola – após sofrer bullying – com agressões físicas e verbais de colegas, num estado emocional fragilizado, busca conforto na rede social que mais gosta e passa a ver vídeos que aumentam sua dor e insegurança que nesta fase da vida já estão começando a surgir. Qual vai ser o resultado?

A Fiocruz emitiu um alerta de que a taxa de autolesões em crianças e jovens entre 10 e 24 anos cresceu 29% ao ano de 2011 a 2022. O trabalho moralmente correto na comunicação exige que profissionais bem formados trabalhem de forma responsável nos projetos que desenvolvem. Nós levantamos as mãos e fazemos um juramento oficial de “usar nossa habilidade da maneira correta” para conseguir nosso diploma; isto é um compromisso moral com a sociedade.

Como os jovens ainda estão em formação, absorvem com grande facilidade tudo ao seu redor. Quando estão focados na tela de um celular, o que estão aprendendo? É importante pensar em qual mensagem queremos deixar no mundo como profissionais e trabalhar para construir algo cada vez melhor. Afinal, não é só por likes e engajamento que vivemos, não?

Regina Brito é graduada em Relações Públicas pela Faculdade Paulista de Comunicação (FPAC) do Grupo Campos Salles, possui mais de 5 anos de experiência em atendimento de clientes na comunicação 360 graus durante a faculdade e no mercado, trabalhando com eventos corporativos, comunicação interna, gestão de crises e marketing digital – em organizações como Clarion Events e Centro Cultural São Paulo.