FORA DA CAIXOLA - Saber se comunicar.

Fora da caixola: tudo que não sai de um lugar hermético não se torna ação.

Se fazer entender  é uma arte. Muitas vezes, nessa tentativa, escondemos o jogo, pulamos frases, escolhemos caminhos alternativos. Por isso considero que transpor ideias para fora da caixola é algo que exige talento.

Eu me esforço bastante e é com muito orgulho que inicio, hoje, os trabalhos nesse importante veículo. Pretendo fazer desse espaço uma extensão do que já pratico no meu dia a dia. Nada incomum ou artificial, mas uma conversa sobre o que está pairando no ar.

Para começar, vou contar algumas particularidades e sonhos. Sempre quis ter uma escola, mas um lugar diferente, onde não se ensinaria apenas teorias, mas onde a prática seria iniciática. Isso quer dizer que tanto alunos como professores teriam um diálogo franco, as pessoas aprenderiam também a se relacionar, a expor fraquezas, seriam incentivadas a sair da zona de conforto para serem felizes.

Nessas aulas, todos seriam melhores alunos, pois não haveria nota, não haveria classificação nem o ego falaria mais alto. Seria uma espécie de microcosmo acadêmico do que é a vida real. E, assim, os alunos seriam incentivados a se expor e se arriscar. Eles começariam a entender como funciona a psique humana e a organizar pensamentos a fim de não dependerem de aprovação dos outros para serem considerados importantes.

Quantos sofrimentos todos nós passamos para resolver problemas que teriam fácil resolução se houvesse ‘inteligência emocional’ ensinada desde a mais tenra idade.  Aprender a somar, dividir, multiplicar e subtrair se torna mais fácil diante de tais desafios, pois os verbos sairiam do papel, da lousa e da prova para se tornarem ações.

Enquanto essa escola não se torna realidade, coloco aqui algo que vem me incomodando. Não podemos viver a vida como se estivéssemos em um estádio de futebol. A paixão cega de um torcedor fanático dificulta ver que o artilheiro não está jogando bem, que o capitão não está liderando o time ou que o adversário está jogando melhor. Quando ouvimos a opinião do outro, mais do que queremos impor a nossa, há uma grande melhoria no convívio, na evolução e no trânsito das ideias.

A conclusão que tirei, depois de uma rápida análise do que foi 2018, é que todo mundo quer falar o que pensa, falar, falar, falar e falar. Ouvir que é bom também, fica para o ano que vem, junto com os desejos de paz, amor e fraternidade.

Enquanto a empatia ainda é um exercício distante e as redes sociais são uma arma de comunicação, vou escolhendo meus pensamentos, minhas palavras e dando ouvidos a todos os que gostam de dialogar. Como é gostoso observar alguém que está na sua frente, presente, atento ao que você tem de bagagem, curioso para ver o que seus olhos viram e considerar relevante a construção de ideias que você foi capaz de reunir. Perceber que esse alguém nem sempre concorda com você, mas te dá a oportunidade de se expressar e, em troca, oferece ideias novas, olhares diferentes e a chance de se enriquecer cultural e socialmente.

Carla Brandão é comunicadora por opção, jornalista por profissão e especialista em desenvolvimento humano por vocação. Life coach e palestrante com foco na transformação da vida em uma fonte de aprendizado e felicidade! Autora do livro #DoeCoragem – Manual Divertido de Viver o Agora. E-mail: carla@acommunica.com.br