FORA DA CAIXOLA - A lição da Escola Prof. Raul Brasil em Suzano.

Na semana passada, o país foi abalado por uma nova tragédia. O assunto dominou o almoço de família, a conversa nos bares, todos os debates em televisão e provocou algo diferente nas pessoas.

A motivação para que dois jovens, um de 17 e outro de 25 anos, entrassem em uma escola pública do município de Suzano, na Grande São Paulo, atirando loucamente, jogando machadinhas e usando uma espécie de arco e flecha contra alunos, funcionários e professores fez com que todos comecem a refletir.

Em um ataque planejado, desde novembro do ano passado, eles conseguiram matar 10 pessoas e ferir outras onze. Uma verdadeira loucura, que não teve proporções maiores por conta de atos heroicos de muitos que ali estavam.

Repercutindo o caso, ouvi muitas opiniões, deduções e comentários. Alguns só reforçam o que falo há alguns anos e foi tema do meu primeiro artigo no Observatório. A forma de educar tem que mudar. Não dá para os pais delegarem para a escola a responsabilidade por isso e não dá para as instituições encherem a lousa de números, letras e fórmulas. A verdadeira educação é global, é holística, é humanizada. Os tempos mudaram e a educação precisa acompanhar essa evolução.

Se a doença do século é a depressão, ouso dizer que o mal dessa década é a falta de amor. Todo mundo defende o seu, as pessoas acham que sabem tudo, a culpa é sempre do outro e o que sobra? Cada um se virar para lidar com a sensação de ter falhado, de não ser entendido, de querer ser importante, de querer ser valorizado, em suma, representar algo para alguém.

Costumo dizer que isso se dá de duas formas, quando a criança percebe que recebe atenção porque só faz coisa errada, ela descobre a chave para conseguir amor, só que de um jeito torto. Há aqueles que encontram nas boas ações, na evolução, na nobreza o método para obter tudo isso… e aí aparecem os heróis, os gênios, os bem-aventurados.

Para isso, eu defendo o começo de uma nova forma de educar, pois as crianças não são mais as mesmas, o mundo globalizado imprime carências de diversos ângulos na vida de todos e quem não está preparado para isso, sucumbe. Uma escola deveria, ao meu ver, ensinar a inteligência emocional na prática. Ensinar que não dá para descontar a tristeza na comida, que o colega pode tentar te desmerecer, mas o que importa é o que você é e faz, mostrar que o mundo testa você o tempo todo e que você não precisa de aplausos para ser uma pessoa importante, explicar que o controle emocional é o combustível da vitória.

Portanto, não adianta mais ensinar a escrever, fazer contas e chegar no horário somente. Educar é a soma da educação dentro e fora de casa, na escola. E, agora, para ser eficiente, precisa formar pessoas com empatia no mais alto grau, pois só assim evitaremos cenas como essas que vimos por todos os lados e encheram nossos corações de angústia.

Toda ação merece uma reflexão para posterior ação. Que esse fato saia das rodinhas de conversa diretamente para as salas de reunião e gere uma mudança efetiva nesse universo cheio de regras que não funcionam mais.