'Falei mais alto e ela se aborreceu': um relato sobre empatia e assertividade na comunicação. Por Viviane Cupello.

Estávamos atrasadas para sair de casa. Eu tinha que deixar minha filha na casa da avó para atender os alunos.

Já estava repetindo o mesmo pedido pela terceira vez e ela não desligava a TV para escovar os dentes (algo comum por aí?). Sem pensar, dei a ordem em tom bem alto e vi seus olhinhos se arregalarem.

Ficamos, então, caladas até entrarmos no carro. O silêncio ensurdecia meu lado materno e causava culpa no meu lado pedagógico.

Eis que me lembrei dos estudos sobre comunicação, assertividade e empatia.

Parei o carro, olhei para a pequena e lhe expliquei que eu estava nervosa pelo possível atraso, que meus alunos mereciam que eu cumprisse o horário, que eu não gosto de me atrasar nos compromissos e que eu fiquei triste com aquele comportamento dela.

Pedi-lhe, então, desculpas pelo meu comportamento. Foi quando percebi um tom de surpresa dela, que aceitou meu pedido com um pequeno sorriso no canto dos lábios.

Mas não parou por aí…

Ela entendeu meu lado e percebeu que, naquele ocorrido, não estava me obedecendo. E me pediu desculpas também. Combinamos a nossa rotina da manhã seguinte e, então, notei melhoras.

Bom que nós, mãe e filha, tivemos uma conversa franca, assertiva, com pedidos e objetivos claros e sentimentos divididos. Essa capacidade assertiva de expressarmo-nos franca e sinceramente, sem negar o direito do outro, é uma habilidade essencial para a gestão de pessoas e o universo educativo. Esse comportamento diminui mal entendidos, esclarece expectativas e possibilita a redução do estresse físico e mental, colocando-nos em posição de responsabilidade pelas nossas ações, não nos fazendo sentir vítimas delas.

Nesse diálogo, há liberdade a respeito do que pensamos, o que favorece as relações familiares e corporativas, pois não há medo de que nossas ideias e opiniões sejam menosprezadas ou ridicularizadas.

Em uma comunicação assertiva e empática, somos proativos quando:

  • sabemos o que queremos;
  • usamos frases como ‘eu sinto…’;
  • falamos por nós mesmos;
  • dizemos ‘não’ de forma firme e clara;
  • usamos expressões adequada ao conteúdo da mensagem;
  • buscamos soluções.

Nesse acontecido, fiquei feliz porque, aqui, nós duas estamos construindo pontes, derrubando os muros.

E você? Aceita, também, essa proposta de humanização?

Viviane Cupello é amante da Educação, das Artes e de Pessoas. É professora e pedagoga, especialista em Gestão Escolar e em formação na Gestão de Pessoas. Estudou teatro, sempre foi apaixonada pela escrita, escreve poemas no canal ‘Poetizei Poetizamos’ e tem como um dos propósitos de vida o trabalho social. Atua na Educação há 20 anos: é alfabetizadora, lecionou em turmas da Educação Infantil e Ensino Fundamental I, coordenou o turno Integral e ministrou cursos de Escolarização, Atualização e de Formação para adultos. Fundadora da CAPAS – Ações para Educação, acredita no desenvolvimento humano por meio da Educação.