ET CETERA & COMUNICAÇÃO - Como posso usar o cool hunting para produção de conteúdo?

Método que ajuda a prever tendências pode ser uma ótima ferramenta para definir melhor formato.

Saber captar tendências ajuda a trazer inovação na produção de conteúdo ao entender seu leitor ou seu stakeholder. Quem trabalha com comunicação e produção de conteúdo precisa ter o olhar treinado (e os outros sentidos também) para saber captar tendências e novos comportamentos utilizando pesquisas e sabendo fazer análises das informações captadas.

Cool hunting é um método válido de pesquisa que permite fazer uma análise de tendências ao captar-se comportamentos antes que eles se tornem massivos com vistas a ajudar no lançamento de uma inovação ou transformá-la em soluções práticas.

Partindo do pressuposto que tendência nunca é um fato isolado, o cool hunter precisa saber buscar e captar o que foi dito nas ‘entrelinhas’ observando como as pessoas estão se expressando pelos seus hábitos de consumo, pelas músicas, pelos filmes etc. que elas consomem. Os laboratórios de pesquisas de tendências utilizados por esse método dividem-se em quatro fases:

1) observação; 2) interpretação; 3) checagem do público-alvo; e 4) geração de insights para organizações e empresas.

Mas como o cool hunting vai me ajudar na produção de meus textos e vídeos?

A moeda que compra o tempo e a atenção das pessoas hoje é o conteúdo. A própria dinâmica de muitos filmes tem mudado ao longo dos anos. Assista alguns filmes renomados de algumas décadas atrás e você vai perceber que o timing da narrativa é outro.

Ainda nos anos 2000 com bolinhas, presenciei um dos projetos de mudança gráfica e editorial quando eu ainda trabalhava no Estadão. Não vou lembrar em detalhes, mas destacava o lead (graficamente falando) para que o leitor pudesse ter toda informação lendo apenas o primeiro parágrafo de todas as matérias. A concorrência também foi nessa mesma linha e cada vez mais infográficos foram aparecendo nas páginas dos jornais.

Lembro quando houve um boom dos blogs bem como também quando apareceram várias mudanças para deixar o portal com mais vídeos e conteúdos. Enfim, foi o processo de mudança da forma pela qual vamos lendo as notícias. Houve várias ‘pistas’ por fatos culturais, geopolíticos e até de avanço tecnológico para essa mudança de necessidades de nosso ‘consumidor’ de conteúdo. Há poucos dias, o Estadão está com outra grande mudança para seguir no formato de como as pessoas leem as notícias hoje.

Outro exemplo é o inbound marketing. Se fossemos um cool hunter na transição da segunda década do século XXI e o objetivo-alvo fosse ‘como fazer conteúdo’, talvez a gente conseguisse algumas pistas com o advento dos smartphones, o aparecimento dos influenciadores etc. Lembram do frisson de uma selfie do Obama no enterro do Mandela ou outra de atores de Hollywood no Oscar? Até mesmo o ângulo das fotos de viagens mudou. Hoje, há mais selfies em frente de pontos turísticos (eu acho) do que aqueles retratos de alguém parado em frente a um monumento histórico. Aliás, já perceberam como poses de fotos também fazem a gente ter pistas de que época estamos?

Não temos somente de pensar em SEO (Search Engine Optimization), mas na experiência do usuário. Não é à toa que cada vez mais escutamos sobre UX Writing. Você vai me dizer que é fácil agora eu dar esses exemplos. Mas saber usar a metodologia cool hunting pode ser interessante para trazer cada vez mais novas formas de trabalhar com conteúdos e pensarmos qual será a melhor melhor experiência (ou UX) de nosso leitor ou nosso stakeholder (como você quiser chamá-lo). Para ter quem leia e assista nossos conteúdos não há como não deixar de pensar nisso.

Tatiane Matheus, jornalista, pós-graduada em Política e Relações Internacionais, com especialização em Didática para o Ensino Superior (FESP-SP) e mestrado em Produção e Gestão Audiovisual pela Universidade da Coruña, Espanha (MPXA).