Estamos preparados para conviver com o ChatGPT? Por Rebecca Lopes Lyrio.

E se você soubesse que boa parte de todo o conteúdo que você consome fosse escrito por um chatbot? Já estamos acostumados a conversar com bots, mas o que estamos vivenciando hoje com o ChatGPT ultrapassa o que já conhecemos e traz a Inteligência Artificial para um outro patamar de acessibilidade.

O ChatGPT (Generative Pre-Trained Transformer) é uma ferramenta de IA que opera através de um modelo de linguagem probabilística criado pela OpenAI e que tem tido um grande papel na popularização da IA 2.0 que estamos vivendo nos dias atuais.

A ferramenta nos proporciona uma experiência acessível, natural e próxima à humana, o que fez com que ela tivesse mais de um milhão de usuários em apenas 5 dias. O ChatGPT consegue, de forma simples, gerar textos a partir de um contexto e comandos fornecidos por um ser humano. Ele busca referências de conteúdos e informações em seu banco de dados para estruturar a melhor resposta ao comando que lhe foi dado e gerar conteúdos diversos a partir daí.

Gigantes como a Microsoft validaram a tecnologia e prometem que ela é o futuro para muitas coisas que usufruímos hoje. Empresas como Alibaba e Amazon estão desenvolvendo seus próprios ChatGPTs e o Google já está em fase beta com a sua versão, a Bard. A pergunta aqui não é se estamos preparados para conviver com esse “novo” cenário, mas sim como o faremos.

Não há como retroceder quando falamos sobre tecnologia e precisaremos aprender como a IA pode fazer parte do processo criativo e jornada de trabalho. É natural, assim como houve com a chegada da internet, que o desconforto paute nossas primeiras impressões, mas ignorar a sua existência não é uma opção inteligente. Acredito que a IA e o ChatGPT não são o resultado final de uma entrega, mas sim recursos que podem nos auxiliar em nossa jornada de construção do pensamento estratégico em busca dos melhores resultados.

Com potencial disruptivo e a possibilidade de ganhar tempo e velocidade nas respostas, a ferramenta tem interferência em áreas de trabalho que conhecemos hoje e com o MKT não seria diferente. Ela pode, por exemplo, otimizar processos criativos, auxiliar na construção de anúncios, ideias para campanhas, estratégias de SEO, ampliação da inteligência de negócios mais personalizados e assertivos e mais uma infinidade de possibilidades que poderão surgir à medida que a incorporamos em nossa rotina.

Mas… como saber fazer as perguntas certas e aproveitar ao máximo o que a tecnologia tem para oferecer? Como em qualquer trabalho, é preciso ter estratégia e devemos aprender a fazer os pedidos e as perguntas corretas, seguindo um roteiro pré-estabelecido, com persona definida para o estilo de texto que queremos e objetivos e metodologia traçados para que a ferramenta possa nos entregar o melhor que tem disponível.

A partir daí, podemos utilizar o nosso conhecimento para estruturar, gerir e endereçar os insumos colhidos, afinal dados soltos não são conhecimento e o capital intelectual é o diferencial para ligar esses pontos. A mentalidade de Growth, de testes constantes e otimizações com base nos aprendizados, pode ser uma alavanca poderosa para alcançar melhores resultados e nos ajudar no processo.

Nesse contexto, a IA surge como forma de ampliar as potencialidades da inteligência humana e é mais interessante olhá-la como aliada, mesmo sem sabermos ao certo onde – e de que forma – isso irá nos conduzir. Devemos estar atentos aos riscos que envolvem a utilização das IA como o ChatGPT, como o uso de dados sensíveis, ameaças de plágio e a ausência de ética, mas negá-la seria caminhar na contramão do futuro que já se faz presente em nossas vidas e corre a passos largos.

Rebecca Lopes Lyrio é consultora e especialista em Branding e Growth MKT.