EPIFANIA - 'Soft skills' e seus poderes na corporação. Por Bruna Prado.

Vamos começar este artigo falando sobre direitos e deveres. Num ponto de vista pessoal, todo lugar possui este princípio básico para uma boa convivência. Numa amizade, por exemplo, existe o direito de questionar atitudes, como também o dever de não fazer fofocas e manter a confiança. Já em relacionamentos afetivos, há o direito de pedir respeito, como há o dever de saber respeitar. No ambiente de trabalho é assim também; o colaborador tem seus direitos de uma contratação conforme a lei – caso possua vínculo empregatício –, de ser respeitado no âmbito social e de execução de tarefas, de não sofrer assédio moral, entre outros. Por outro lado, ele possui deveres, os quais podem envolver conceitos morais e éticos no ambiente de trabalho, sendo eles facilitados pelas famosas soft skills.

Mas o que são as soft skills?

De acordo com um estudo realizado pela mestra em Gestão Empresarial, Clarisse Andrade, na FGV, constata-se que as soft skills consistem num conjunto de comportamentos que podem ser estimulados conforme a contextualização que o indivíduo se encontra. Diferentes das hard skills, habilidades mais técnicas e adquiridas em graduações, cursos e treinamentos. Ou seja, soft skills são habilidades sociais e de comunicação que facilitam a convivência com líderes e liderados.

Ainda no estudo, as habilidades mais esperadas dos gestores consistiam em entender a equipe, saber desenvolver o próximo, saber trabalhar com pessoas diferentes, ter empatia e criar alianças com a equipe.

Um ponto ainda questionado em relação a essas competências sociais se deve ao fato de que a mensuração é mais complexa que as habilidades técnicas pela subjetividade na avaliação. Mas, ainda assim, desenvolver este conceito e aplicá-lo devidamente no ambiente de trabalho, independente do nível hierárquico, traz um diferencial visível ao colaborador, o qual poderá se destacar tanto em seu ambiente atual, como também poderá ter recomendações plausíveis e convenientes para outros empregadores.

Conheça algumas soft skills importantes para desenvolver e aplicar nas corporações

Agora é a hora de entender de forma mais esclarecida sobre algumas dessas habilidades, as quais foram separadas conforme o conteúdo acadêmico da especialização de Psicologia Organizacional da UAM.

Comunicação

Comunicar-se bem não é tão fácil quanto parece. Saber se comunicar é entender que existe o processo do envio da mensagem e a interpretação do receptor. Para uma comunicação eficaz, é importante se atentar à necessidade de aprimorar as outras soft skills que serão mencionadas neste artigo, afinal, as profissões no geral exigem interações entre colaboradores, clientes e stakeholders.

Empatia

Empatia é saber se colocar no lugar do outro. Quando isso é feito, há o fenômeno da identificação, o qual facilita a comunicação entre as pessoas. Buscar entender como a outra pessoa se sente e procurar soluções assertivas traz resultados eficazes na qualidade do ambiente de trabalho. Mas vale se atentar: ser empático não é necessariamente atender a todas as exigências, mas, sim, entender, praticar a escuta ativa e se permitir o diálogo para entrar num consenso. É importante sempre lembrar que trabalhamos com pessoas que possuem suas vivências e emoções, então a comunicação empática é essencial para uma convivência saudável e mais motivação da equipe.

Negociação

A capacidade de negociar e de influenciar pessoas a partir da criação de acordo das partes é uma soft skill essencial para áreas comerciais, de marketing e atendimento direto ao cliente. Além disso, a negociação pode ser um diferencial para quem já possui ou busca ser líder de equipes, pois requer tanto o entendimento dos problemas do outro, como também a persuasão para que um consenso seja estabelecido.

Autoconhecimento

Entender suas próprias necessidades, ambições e dores também é uma tarefa mais complexa do que se imagina. Pela falta do autoconhecimento, por exemplo, colaboradores deixam de mostrar seus limites e podem se frustrar no ambiente de trabalho. Ademais, quando sabemos do que precisamos, fica muito mais claro explanar isso ao próximo de forma que a comunicação seja clara e objetiva.

Liderança

Saber liderar é requisito somente para gestores, certo? Errado.

A liderança envolve diversos conceitos, desde a boa comunicação, como também a habilidade de gerir, motivar, ouvir pessoas e confiar na equipe. É possível que, no ambiente de trabalho, sejam passadas atividades de liderança de projetos mesmo sem possuir um cargo de gestão. Além disso, todos podem se tornar líderes, mesmo que de início possam não demonstrar aptidão para tal atividade. A habilidade de liderar pode ser desenvolvida, desde que a pessoa tenha interesse em assumir essa posição.

Proatividade

E se meu líder não me passar tarefas? Nesse momento, a proatividade destacará os valores do colaborador.

Ser proativo é saber procurar soluções mesmo sem a direção de um gestor. E caso não seja encontrado um problema específico para pensar nas atividades, vale também separar um tempo para novas ideias de otimização. Mostrar que seu perfil pode colaborar mais com a equipe é essencial para garantir bons feedbacks.

Resiliência

Mudanças acontecem e muitas situações ficam fora do nosso controle. A prática da resiliência permite que a situação seja entendida e que essa sabedoria não gere um colapso emocional. Atualmente existem diversos métodos e cursos para aprimorar a resiliência, pois não se trata de uma tarefa fácil. O primeiro passo a se praticar é refletir sobre qual o controle que se tem sobre o problema: se há algo a ser feito, criar o planejamento e, se não, permitir o direcionamento ao responsável. Ademais, a resiliência é uma das habilidades de uma pessoa com boa inteligência emocional, pois ela sabe lidar com obstáculos, adversidades e pressão no ambiente de trabalho. Mas vale prestar atenção: perceba os seus limites e entenda que saber lidar com dificuldades é diferente de permitir qualquer tipo de exploração.

Enfim, são diversas soft skills que podemos investir no constante desenvolvimento para que nos destaquemos no trabalho. Os benefícios são incontáveis e os resultados são reais. É um assunto que vale muito a pena se aprofundar.

Bruna Prado é formada em Propaganda e Marketing, com MBA em Marketing e Redes Sociais e MBA em Mídias Digitais e Inteligência de Negócios. Atualmente em especialização em psicologia corporativa, a autora possui experiência profissional em marketing digital e consumer insights. LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/pradoabr/