ENTRE GERAÇÕES - Tecendo a teia das conexões emocionais nos desafios entre as gerações em sala de aula.

As relações afetivas que transformam a sala de aula.

Diante dos problemas complexos que as sociedades contemporâneas enfrentam, estudos de caráter transdisciplinar podem enriquecer o ambiente educacional.

Hoje os jovens são cobrados a fazer escolhas profissionais cada vez mais cedo aceitando suas responsabilidades, e são tantas! O acesso a informação permitiu que o aluno tenha muito mais opções para escolha da sua área de atuação, porém as muitas opções criam expectativas que não condizem com a sua maturidade emocional.

Em outras décadas o aprendizado deveria vir dos professores de forma assertiva, sem correções. Eles eram reconhecidos pela sabedoria e o incansável desafio de transformar o aluno.

Os anos passaram, e em cada palestra, aula, cada vez mais ouvimos os mestres com suas afirmações, e dúvidas, dizendo: ‘Vou pesquisar e te trago o resultado’. Como é bom ouvir isso! Está aqui o valor humano do seu trabalho, a sua contribuição. O aprender fazendo. Aprender junto!

Quantas vezes nós refletimos e julgamos os nossos mestres, e quando estamos do outro lado, agimos de forma infantil com os nossos professores? Essa troca só será saudável se realmente tivermos a empatia como valor, e responsabilidade como motor de nossa ação.

Por outro lado, desenvolver uma relação saudável, uma conexão na escola com a capacidade de ternura, do respeito, da compaixão, torna a ação do ensino mais afetiva e efetiva.

Sabe aquela máxima que falamos sobre o casamento, de que cada um cede um pouco? Devemos agir como arquitetos das informações. O ensinamento, lembrando a contribuição da filosofia indiana que versa sobre os três pilares KAI JÔ Ê. Onde KAI significa preceitos, vida e ética; JO significa meditar; e Ê significa Sabedoria.

Se vivermos de acordo com preceitos, geramos um estado de felicidade e sabedoria. Os preceitos de ouro são: não fazer o mal, fazer o bem a todos os seres. Não fazer o mal significa evitar qualquer pensamento, fala, atitude que possam causar mal a alguém em qualquer forma de vida. A utilização da sabedoria oriental nos faz integrar os espaços vazios, e ocupar a mente orientando da melhor forma.

Por um longo período houve um processo de desconstrução da carreira do magistério associado a baixos salários, jornada extenuante, projetos políticos equivocados sem a valorização, e pouco investimento na formação do professor. Diante deste quadro o profissional tem que se reinventar todos os dias.

Por outro lado há que se entender que muitos alunos vêm de uma situação de vulnerabilidade social. Com fatores emocionais que necessitam de maior compreensão, entendimento. O que um aluno quer ouvir de seu professor é que ele estará ali para apoiar, aprender, sempre que precisar de um incentivo.

Posso justificar esta fala como orgulho, empatia, doação, prazer de ver o aluno aprendendo. Este comportamento por parte dos mestres tem tudo a ver com a ética, felicidade e valores. Cito o exemplo de um personagem que conheci de nome Maria (para preservar a sua identidade) que, ao observar o talento e o empenho de seu aluno, pedia sempre aos mestres uma contribuição mensal para o pagamento da condução/transporte daquele aluno à escola. Que exemplo! Precisamos focar mais nesses mestres que nos inspiram!

A partir de exemplos como esse é que me vêm à mente as seguintes indagações: – Quem é você? – O que você faz? – O que é importante para você? São as minhas escolhas que determinam as minhas decisões, e que fazem com que eu seja quem sou? São exemplos que deixam a sensação do questionamento sobre ética, valores e conceitos.

‘É pelos estímulos adequados que acontecem sinapses neurais que proporcionam alegria, contentamento, apreciação da vida. Sem os estímulos adequados, as sinapses não ocorrem. Isso serve para todos os nossos estados emocionais, inclusive para a sensação de felicidade e bem-estar. Uma pessoa feliz no trabalho vive melhor do que a outra que precisa que o expediente acabe para ser feliz?’ (de ‘A monja e o professor’).

É por isso que o professor hoje é um facilitador, integrador e, se compararmos com os professores de outras décadas, houve uma evolução maravilhosa, sem deixar os encantos da profissão. É por isso que considero o encontro em sala de aula entre o professor e seu aluno como um diálogo profundo e enriquecedor que só as diferenças harmônicas conseguem produzir. Um convite a grandes reflexões pedagógicas, e profundas transformações.

01Nesse início de ano convido a refletir por atitudes mais responsáveis, por mais força, paixão e solidez. Vamos fazer muito com pouco na integração do saber, fazer uma rede de integração e inovação gerando maior investimento em educação. Usar a criatividade dos jovens alunos para que possam ter muito orgulho de ser-e-pertencer, afinal, ‘o conhecimento te leva a ser quem você quiser ser’.

Solange Vilella é formada em Pedagogia pela Universidade Paulista (1998), pós-graduada em Economia e Gestão das Relações de Trabalho pela PUC/SP (2009) e especialista MBA em Gestão estratégica do Capital Humano (2013). É diretora do site ‘Conexão Melhor Idade’, e gerente administrativa na Convergência Comunicação Estratégica.