EFEITO RP - Sobre produtividade. Por Bárbara Calixto.

O texto de hoje é um conglomerado de pensamentos soltos sobre produtividade. Te convido a seguir a leitura, porque não contém uma receita mágica de “como você pode ser mais produtivo”, mas sim uma reflexão sobre esse tema.

No meu ciclo de amizades, trabalho e redes sociais, essa questão da produtividade não sai de pauta. Todos os dias as pessoas falam sobre isso, dão dicas de como ser mais produtivas, de como fazer mais com menos, como controlar suas horas, trabalhar em menos tempo ou fazer determinadas atividades em menos tempo, como organizar melhor a agenda ou como conseguir fazer mais entregas – sejam elas de peças gráficas, textos ou qualquer outra coisa.

Dentro das organizações, isso virou uma lei, praticamente. Uma constante preocupação com a produtividade e em como fazer mais coisas (ou atividades) com menos pessoas, especialmente nesses momentos economicamente desafiadores.

Mas, o que as organizações – e tantos outros cursos esquecem de ensinar – são os princípios básicos dessa tal “produtividade”. O que é esperado com ela?

Excelente, você consegue manter o seu cronograma de atividades diárias, é extremamente organizado e meticuloso, é capaz de adicionar mil ações na sua agenda, mas esquece do básico: ter atenção e se comunicar.

Outro dia, precisei agendar um exame médico e, por sorte – ou não -, isso é feito pelo WhatsApp. Entrei em contato, digitei todos os números para ser direcionada para a atendente e, quando ela me respondeu, encaminhei a foto do exame, mais o nome do médico e respectivo CRM. Por três vezes ela solicitou a mesma informação, que estava acessível para ela desde o começo.

Deixo abaixo a imagem para ser compreensível o que eu disse:

Não seria esse um exemplo de improdutividade? Ou melhor, um exemplo de falta de atenção da atendente e, consequentemente, tornando seu trabalho mais demorado?

É claro que eu não conheço o contexto e a rotina dessa atendente, não sei se ela tem meta de chamados por dia, se o ambiente é estressor, se ela estava com dor de cabeça ou qualquer outra situação que pudesse ter causado esse retrabalho. Mas nesse exemplo trivial de um acontecimento em minha vida, é uma rotina nas empresas.

Erros ortográficos por falta de atenção ou excesso de pressão para uma entrega, ocasionando retrabalho. Falta de informação em uma frase, presumindo que o receptor tenha total domínio, compreensão e contexto sobre o assunto. Envio de errata de e-mail marketing, porque não foi revisado com a devida atenção. Excesso de reuniões (ou repetições) para tirar dúvidas simples, que já haviam sido esclarecidas no e-mail da semana anterior.

Ter atenção e comunicar eficientemente são coisas “simples” – entre aspas porque compreendo que isso é mais exigente e demanda concentração -, mas que muitas vezes evita transtornos, aborrecimento e, em alguns casos, até crise de ansiedade.

Falar de produtividade é fácil. E é muito comum colocar várias atividades na lista e fazer todas pela metade, com entregas de baixa qualidade. Mas é sobre isso?

Produtividade, assim como a construção de valores organizacionais, precisa de uma definição do que é esperado sobre aquilo. Não adianta falar de produtividade sem antes esclarecer o que ela é. Não adianta falar sobre produtividade sem falar sobre comunicação e, muito menos, atenção. Não adianta falar sobre produtividade sem falar sobre comprometimento com as entregas e com os times. Não adianta falar sobre produtividade, se não há confiança no trabalho do colega para permitir que o projeto seja feito de uma maneira diferente da que você faria – não falo sobre a qualidade da entrega, mas de existir apenas um jeito certo, sendo este o seu. E também não adianta falar sobre produtividade sem falar sobre autoconhecimento, porque você pode encontrar formas e ferramentas que te ajudem a lidar com esses fatores externos, e a se concentrar melhor nas atividades que estão em andamento.

A produtividade é sim muito importante, mas ela não pode existir sozinha e nem depende do bom senso individual para acontecer. Por isso, empresas, tenham definições sobre o que é esperado em relação a isso. E, o mais importante: ensinem seus colaboradores sobre esse tema, especialmente, para ter atenção nas atividades que são executadas. E claro, ofereçam condições para que isso aconteça, incentivem o autoconhecimento e autogerenciamento. Ou seja, não adianta ensinar a ter atenção e, ao mesmo tempo, não confiar ou fazer microgerenciamento.

Bárbara Calixto é graduada em Relações Públicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e possui MBA em Marketing pela USP/Esalq. Atualmente, desempenha a função de Analista de Marketing em uma Govtech (Portabilis) e já trabalhou em agências de comunicação, no segmento varejista e indústrias. Além disso, é uma pessoa que ama cozinhar, apreciar a natureza e está sempre disponível para uma boa conversa.