Poderia ser sobre planejamento, mas o texto desse mês é sobre descanso.
Eu tirei férias. Havia esquecido o quão necessário esses respiros são para a nossa vida e bem-estar. Além do tempo de descanso do trabalho, aproveitei também para descansar da rotina e me aventurar um pouco: para dentro de mim e para fora do meu território conhecido.
Em um outro texto, escrevi o tanto que eu gosto de andar pelas ruas e me surpreender com cada dobrar de esquina. E viajar me traz essa lembrança, essa sensação de descobertas. Ir para a rua, sair de casa, visitar lugares diferentes, dispor o olhar para cima e observar novas composições, conhecer novos sabores, experimentar coisas que você nem sabe o que é. Essas aventuras, esses gostos, abrem uma nova atmosfera na nossa alma.
Eu demorei até conseguir me desligar de todas as informações do trabalho e começar a desacelerar. No início, eu ficava perguntando o que nós iríamos fazer no dia seguinte, quais eram os planos, onde iríamos passear. Fiquei com a sensação da falta de controle, saudade do conhecido, das reuniões agendadas, de saber que às 9 horas teria um alinhamento, às 11 horas uma definição, às 14 horas uma reunião de resultados.
Era como se, inconscientemente, eu quisesse manter a minha rotina fora da rotina. Você deve saber como é.
Mas permitir com que a existência e a imensidão da vida tomassem conta de mim, fez com que eu conseguisse desacelerar e retornar com mais fôlego. Sai um pouco do mundo online, tentei me conectar com o que está ao meu redor, com o que eu realmente poderia tangibilizar. Escutei os barulhos da cidade, as falas das pessoas, observei as diferentes arquiteturas dos prédios, os incontáveis tons de verde das árvores. Me inspirei na arte urbana: no que aparecia nos grafites ou nas frases das publicidades das lojas locais. Senti e vivi cada traço da cultura. Vi portas, muitas portas. Sempre olho as portas e as maçanetas e, por alguns segundos, deixo a minha imaginação voar para pensar o que tem por trás de cada um daqueles caminhos. Permito me perder, virar em uma rua errada, mudar o caminho e arriscar mais. Cada passo, em um compasso.
Tudo comunica. Tudo ao redor nos toca e nos proporciona algo.
Essa sensação, esse movimento, esse caminho para fora da zona de conforto, me trouxe calma e permitiu que eu olhasse as situações de outra forma. Um espaço foi criado dentro de mim, com outros pensamentos e realizações.
Novas ideias surgiram.
Novos projetos chegaram.
Novas vontades e pensamentos apareceram.
Como eu quero encarar os desafios na minha profissão?
Qual a melhor forma de aplicar o conhecimento que eu adquiro?
Como transformar o aprendizado pessoal em potências no meu ambiente de trabalho?
Antigos sonhos se desenharam e puderam ser colocados no papel, o começo de um planejamento.
Sabe aquela concepção de que quando estamos distraídos, boas ideias aparecem? É por aí.
Estar de férias surtiu um efeito em mim para que eu reencontrasse uma outra parte adormecida. Encontrar o território que habitam os meus sonhos, o que eu quero transformar, o que eu quero ser e demonstrar, o que eu quero comunicar.
Hoje, comunico a minha leveza. A minha tranquilidade. A minha abertura em experienciar o novo e trazer isso para os meus projetos, para minha dinâmica de vida e para os que estão ao meu redor.
Quantas ideias surgem a partir de uma nova perspectiva?
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Bárbara Calixto é graduada em Relações Públicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e possui MBA em Marketing pela USP/Esalq. Atualmente, desempenha a função de Analista de Marketing em uma Govtech (Portabilis) e já trabalhou em agências de comunicação, no segmento varejista e indústrias. Além disso, é uma pessoa que ama cozinhar, apreciar a natureza e está sempre disponível para uma boa conversa.