EDUCOMUNICANDO - Comunicação apartidária não é sinônimo de comunicação apolítica. Por Syl Cordeiro.

Faltando pouco mais de um mês para o primeiro turno das eleições gerais no Brasil, muitas corporações e instituições têm reforçado, até publicamente, serem apartidárias como forma de garantir não só a ética, mas também a idoneidade e autonomia em suas ações, transações e comunicações com seus mais diversos stakeholders.

Todavia não podemos esquecer que toda instituição é formada por pessoas e, como bem afirmou Aristóteles, “todo homem é, por natureza, um ser político”. Afinal, segundo o filósofo, só nos é possível atingir a plena realização pessoal por meio do convívio social.

Como estrategista em comunicação no setor da saúde, acredito que o pensamento de Aristóteles é corroborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ao definir saúde como sendo “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”.

Isso também me permite deduzir que ser apartidário não é o mesmo que ser apolítico, ainda mais se pensarmos na educomunicação como um instrumento para a construção da cidadania.

Vale aqui frisar que não estou falando de política como sinônimo de poder, mas sim, da política que todos nós exercemos diariamente e, na maioria das vezes, de forma inconsciente.

Por exemplo, quando você cria campanhas de comunicação para informar aos seus colaboradores, parceiros, clientes e demais stakeholders sobre o lançamento de um produto, serviço, mudança estratégica ou mesmo sobre o posicionamento institucional da sua empresa, você está realizando um ato político ou uma comunicação política, mas não necessariamente partidária.

Da mesma forma, se você usar a comunicação para informar aos colaboradores qual é o posicionamento da empresa a respeito dos limites individuais de liberdade de expressão, especialmente em mídias sociais, orientando-os sobre as possíveis implicações para o negócio de acordo com a legislação eleitoral, você não estará sendo partidário, mas sim, político.

Nesse contexto, acredito que a educomunicação é um caminho de transformação social, a partir do uso das ferramentas e estratégias comunicativas para educar e tornar o ato político individual algo consciente e direcionado ao bem da coletividade.

Syl Cordeiro é CEO da Plena Palavra Consulting. Comunicóloga e educomunicadora com mais de 30 anos de atuação no mercado corporativo.