🔥 SIM 🔥
Ao contrário do que pensamos, a síndrome de burnout, conhecida como a síndrome da estafa pelo trabalho, pode ser desenvolvida em nossas residências neste período de isolamento devido ao alto índice de estresse que estamos expostos.
O tão sonhado home office para alguns, pode ter se tornado o pesadelo para outros, porque na verdade não estamos em homeoffice, estamos ‘trabalhando de casa’.
Trabalhar em home office é exercer atividades em um espaço físico organizado, com infraestrutura suficiente para conseguirmos ter concentração no desenvolvimento de nossas demandas profissionais.
O que estamos vivendo neste momento de quarentena é a execução de atividades em casa, juntamente com uma rotina familiar e doméstica que talvez nunca foi vivida antes.
A nova rotina tem nos exigido muito mais energia emocional e física, devido as mudanças repentinas e também porque estamos sendo obrigados a fazer e desenvolver habilidades que até então não eram necessárias.
Além de estarmos manuseando ferramentas diferentes das usuais, precisamos de um nível maior de concentração para poder absorver o que estamos ouvindo nas reuniões online, sem que a poluição sonora causada pelo ambiente doméstico, os deslizes de visualizações nas redes sociais e as diversas demandas da família não nos tire do foco nos deixando ainda mais estressados.
O estresse é um alerta ao nosso organismo e é acionado sempre que estamos em algum estágio de mudança, incerteza e medo.
Neste período de isolamento, onde estamos em constante liberação de cortisol (hormônio do estresse), a síndrome de burnout pode ser desencadeada por fatores como:
– Alterações bruscas de vida – Demandamos muita energia em processos de mudança e sempre devemos faze-las de forma cautelosa e programada, porém, a pandemia nos trouxe uma necessidade de alteração rápida de nossas rotinas, causando-nos muito estresse;
– Falta de descanso físico e mental – Com tantos desencaixes de atividades (trabalho/casa/filhos), estamos com menos tempo para descansar, estamos com menos tempo para nós mesmos;
– Dificuldade de organização – Ambientes desapropriados para execução de atividades profissionais podem gerar baixa produtividade e aumento da ansiedade por falta de resultados;
– Conflitos no lar – As discussões entre familiares causam grande drenagem de energia, aumentando o estresse e o estado exaustivo;
– Isolamento social – A falta de interação e conexão com pessoas é extremamente corrosiva às nossas emoções, afinal somos seres sociais e precisamos do convívio social;
– Problemas financeiros – A possibilidade ou existência de uma dificuldade financeira nos acarreta muita tensão e preocupação;
– Cobrança por desempenho – Em uma situação profissional onde interagimos de uma forma que não estamos habituados e corremos o risco de não estarmos sobre a gestão de uma liderança positiva, a cobrança por resultados pode ser ainda mais destrutiva, nos causando medo e estresse;
– Alimentação compensatória – Ciclos de grande tensão emocional nos faz sentir merecedores de desfrutar de alimentos e bebidas que possam nos anestesiar do mal-estar em que estamos vivendo. Todos nós sabemos que a saúde entra pela boca, mas o que talvez ainda não temos tanta certeza é o quanto o que entra pela boca pode afetar diretamente a nossa saúde mental.
Estamos vivendo um momento de fontes inesgotáveis de estresse e pouquíssimas de prazer.
O que devemos ter em mente é que não conseguiremos eliminar os fatores estressores que não estão sobre nosso controle, mas podemos procurar alternativas de diminuição das fontes de estresse trabalhando a autoaceitação da exaustão, permitindo que nosso corpo responda por todas as mudanças que estamos vivendo, aceitando que todas são passageiras e que podemos não dar conta de tudo a todo momento.
Lembrar que somos imperfeitos e que se estressar é uma circunstância da vida, nos faz ter autocompaixão aceitando nossas limitações temporárias, acreditando em nossa capacidade de recuperação e melhoria.
São atitudes como estas atreladas a estratégias de alívio de estresse (veja o artigo de abril ‘Como Controle Meu Estresse’) que não permitirão o desenvolvimento da síndrome de Burnout nesta quarentena.
Espero que todos tenham, proteção e saúde.
Um grande abraço.
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Luana Segato, Educadora Executiva | Professora | Palestrante | Coach Pré e Pós Síndrome de Burnout.