DNA DE MARCA - Estamos criando para inteligências artificiais ou pessoas reais? Por Maria Gabriela Tosin.

Aconteceu em março o evento South by Southwest 2025 ou SXSW 2025, conferência anual que reúne criativos, empreendedores e visionários de diversas áreas, um dos maiores festivais de inovação, tecnologia, música e cinema do mundo. Um tema comum em grande parte do evento foi inteligência artificial, de que vou tratar mais a seguir.

John Maeda, um dos maiores pensadores do design e da tecnologia, trouxe para sua palestra a transição que vivemos entre User Experience para Agentic Experience. Antes, a preocupação era a jornada do usuário, pensando nos múltiplos cliques, menus e caminhos complexos para que o cliente alcançasse o objetivo desejado. Em um mundo orientado para a IA, a experiência deve ser direta, como um prompt, a resposta deve ser instantânea e precisa.

Segundo o palestrante, uma marca precisa ser promptable, uma marca precisa estar integrada ao novo ecossistema de Agentic Experience (AX), que opera a partir de quatro elementos fundamentais: model, prompt, knowledge e tools. O modelo interpreta e gera respostas, os prompts definem como a marca se expressa, o conhecimento garante consistência e profundidade, e as ferramentas permitem que a IA tome ações concretas. Se sua marca não estiver bem nesses pilares, ela simplesmente não existirá na experiência de um usuário orientado por IA.

As marcas que não conseguirem se tornar promptable vão perder o protagonismo e a relevância algorítmica, mas algo que deve ser pensado é sobre quem está por trás da inteligência artificial. Quem está escrevendo os prompts são pessoas, seres humanos em busca de conhecimento e respostas. Apesar da IA funcionar de forma diferenciada do cérebro humano, é necessário que ela entregue exatamente o que a pessoa está esperando. Quanto menos criamos conteúdos diretos e precisos, menos background a inteligência artificial terá para nos auxiliar. Temos que lembrar que a alma da IA é a inteligência humana, pensar apenas na IA e esquecer o humano é uma proposta arriscada em meio a tantas marcas que buscam conexões reais com seus clientes.

Maria Gabriela Tosin é graduada em Relações Públicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), especialista em Mídias Digitais pela Universidade Positivo e Mestre em Administração pela PUC-PR. É criadora do blog pippoca.com, host do podcast Loop Out Cast, atua como pesquisadora, é autônoma e colaboradora em diversos blogs.