DNA DE MARCA - A diversidade está em pauta mais do que nunca.

A diversidade já estava incluída no dia a dia das marcas há alguns anos, mas parece que em 2022 ela é essencial para a sobrevivência da empresa. Enquanto marcas como O Boticário e Vivo apostam em ações que valorizam a diversidade em vários aspectos, a Pixar sofre com acusações de homofobia pelos próprios funcionários. A seguir, vou explicar melhor sobre essas três empresas e o que elas vêm e não vêm fazendo em relação a diversidade.

Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, O Boticário lançou um banco de imagens com 50 fotos de domínio público no Adobe Stock que estampam a diversidade da pele brasileira. A marca teve o propósito de ressignificar os estereótipos na publicidade e estampar a mulher brasileira em seus diversos perfis, destacando suas singularidades. As peles presentes nas fotos possuem diferentes tons, texturas e características, pensando sempre em retratar a população feminina brasileira. Com essa ação a marca confirma sua intenção de comunicar uma beleza cada vez mais representativa e a intenção de impactar a sociedade como um todo.

A Vivo, empresa de telecomunicações que patrocina o famoso festival Lollapalooza Brasil, que acontece no final de março, decidiu lançar o projeto “Presença Preta”. O projeto quer colocar o maior número de pessoas negras na plateia do festival, para isso a marca irá distribuir toda sua cota de convites para pessoas negras, com o intuito de colaborar com mais inclusão nos espaços de música e entretenimento.

O foco da campanha é discutir a representatividade negra no line up e no público dos principais festivais do mundo e para isso a Vivo chamou o rapper Djonga, um artista de extrema relevância para a conscientização da população em torno da temática racial. A marca também possui um time de mais de 50 influenciadores digitais negros que participarão do evento a convite da Vivo.

Ao contrário das marcas já citadas, a Pixar, estúdio de animação da Disney, se envolveu em polêmicas nas últimas semanas depois que empregados do estúdio afirmaram em carta, que os executivos da Disney exigiram a censura de cenas de afeto entre personagens LGBTQIA+ de seus filmes. O documento circulou internamente, mas a revista Variety teve acesso ao texto que afirmava que foram exigidos cortes de quase todos os momentos de afeto abertamente gay, a despeito de protestos dos times criativos e da liderança da Pixar.

A carta feita pelos funcionários foi uma resposta a declarações do CEO da Disney, Bob Chapek sobre a posição da companhia em relação a um projeto de lei contra a sigla que tramita na Flórida, a proposta chamada de Don’t Say Gay, recebeu uma grande doação da empresa, o que gerou essa revolta por parte dos funcionários. Chapek tentou contornar a situação e disse que a Disney está trabalhando nos bastidores para convencer os senadores a não aprovarem o projeto, mas essa resposta não foi bem vista pelo Sindicato de Animações dos Estados Unidos, nem pelos funcionários da Pixar e muito menos pelo público em geral.

Analisando a posição de cada uma das empresas citadas notamos essa grande mudança em torno do universo publicitário, que antigamente era responsável por criar estereótipos, mas que agora foca em representar o real e a diversidade. Vivendo em um mundo cada vez mais diversificado, as ações que visam a inclusão de todos devem ser implementadas em sua empresa cada vez mais, antes que os clientes decidam escolher marcas que façam isso.

Maria Gabriela Tosin é graduada em Relações Públicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e especialista em Mídias Digitais pela Universidade Positivo. É criadora do blog pippoca.com, atuou como pesquisadora na área de artes e mídias digitais e no momento atua em agências de publicidade e é colaboradora em diversos blogs.