DIVERSIDADE, VOZ E ESCUTA EM ORGANIZAÇÕES - Ficou bem na foto? Gestão da impressão e carreira.

Muitos ainda confundem o tema com marketing pessoal, autopromoção excessiva, sedução e empáfia, mas a gestão da impressão vai muito mais além e toca a todas pessoas, principalmente às que trabalham no mundo corporativo.

Reza a lenda que no Império Romano, séculos atrás, o povo começou a duvidar da honra da esposa de César. Mesmo atestando-se que ela não fora indecorosa, cunhou-se a expressão ‘mais vale parecê-lo, que sê-lo’. Essa frase tem a premissa de que é mais importante o que se fala e pensa sobre alguém, do que, de fato a pessoa é.

Todas pessoas causam impressões no outro. O que esse outro percebe advém de sua subjetividade pessoal, de sua história, de seus valores e crenças. E aí entra a gestão da impressão. Uma pessoa pode saber-se digna, mas se a percepção que o outro faz é diferente, é essa última que fica e prima as interações.

Daí se entender a gestão da impressão como esforços para passar uma imagem idealizada e desejada para outra pessoa. As pessoas costumam gerenciar sua impressão em situações de pressão quando se torna importante preocupar-se com a mensagem transmitida, através de atitudes, roupas, opiniões, entre outras expressões, para marcar positivamente o alvo. Portanto, quando se é dependente da avaliação dos outros, entra a gestão da impressão. Por isso ela é utilizada bastante com professores e chefes, líderes e outros colegas de trabalho.

Em um mundo competitivo e instável em que os ocupantes do poder se alternam, ter uma imagem valorizada constantemente torna-se capital social no ambiente de trabalho. É fundamental ao profissional estar atento às impressões que produz, refletir sobre quais imagens quer marcar nos contatos e reduzir ruídos que não são compatíveis àquilo que se é.

Mesmo sendo injusto ser rotulado como A ou B quando se é C, cabe à pessoa reorientar ações, passos e conversas para alinhar a impressão do outro em caminho ao C, que é o estado que ela deseja. E isso está muito ligado à diversidade, pois as pessoas são enquadradas em algumas categorias sociais e rotuladas quanto aos comportamentos e expectativas de atuação.

Assim, técnicas de marketing pessoal são apenas ferramentas para gerir uma impressão, já sua gestão é a reflexão de quais são as impressões que as pessoas estão formando sobre si e quais você quer formar.

E empáfia e autopromoção excessiva precisam de atenção, pois podem levar à ilusão e ao devaneio. E o mundo corporativo não é o ideal para psicoterapia pessoal; para isto há profissionais especializados.

Victor Richarte Martinez, psicólogo organizacional, doutor e mestre pela FEA/USP, é também consultor, pesquisador e professor em Gestão de Pessoas, trabalhando temas ligados à Diversidade, Comunicação e Cidadania nas Organizações. Tel.: (11) 989 053 693 | E-mail: victor.richarte@gmail.com | Website: www.cambioconsultoria.com.br