DIGITAL INSIGHTS - 'Brain Rot' e o vício em vídeos curtos. Por Nathália Meireles.

O Oxford Languages, por meio de um concurso anual que já dura 20 anos, elegeu a Palavra do Ano de 2024, brain rot, como o termo que reflete os principais aspectos da sociedade global contemporânea.

Se você aguardava um sinal explícito e comprovado dos efeitos nocivos das redes sociais em nossa vitalidade, a resposta é brain rot (ou “apodrecimento cerebral”, em uma tradução literal).

O consumo descontrolado de conteúdo superficial, informações irrelevantes e o uso intensivo de telas representam o status quo dos tempos modernos. Esse fenômeno, o vício em vídeos com menos de trinta segundos, reflete um estado de exaustão mental insustentável, colocando-nos à beira do colapso.

Inúmeros usuários sucumbem à influência de indivíduos alheios ao seu bem-estar. Conteúdos de lifestyle, comprinhas e rotinas fitness servem como trampolim para a comparação incessante. Qual será o resultado de cérebros cada vez mais atrofiadas pela ausência de estímulos cognitivos como leitura de qualidade, caminhadas revigorantes ou conversas profundas com amigos? Mentes vazias e carentes de opinião própria.

A escolha da expressão brain rot representa a exaustão mental coletiva e a deterioração da capacidade cognitiva. Imersos em campanhas com o único propósito de atrair a nossa atenção e induzir-nos ao consumo, permanecemos presos em um scroll infinito, de recompensas passageiras e insignificantes, afogados em um oceano de conteúdo superficial e ineficaz. Mas, afinal, a quem atribuir a culpa?

A responsabilidade recai sobre todos aqueles que negligenciam o estabelecimento de limites saudáveis e a prática do autoconhecimento. Em outras palavras, a culpa é nossa. Atualmente, vivenciamos o “efeito manada” tão desejado por profissionais do marketing e publicidade em suas estratégias de lançamento. Esse efeito está destruindo valores sólidos e criando “falsas verdades”, que muitos adotam como soluções universais. É a conhecida armadilha de se basear na própria vida e escolhas nas experiências de outras pessoas. No final, a conta não fecha.

Em meio à profusão de vídeos de trinta segundos, o antídoto para o cérebro não apodrecer reside na busca por fontes seguras – a imersão em leitura em um bons livros, a contemplação da natureza em caminhadas solitárias, a valorização dos momentos familiares e vivência plena da vida real.

A mudança genuína tem seu ponto de partida em você. A pergunta é: você está pronto?

Nathália Meireles é especialista em Marketing Digital, com foco em conteúdo direcionado para as áreas de Transformação Digital, Inovação e Marketing. Graduada pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), cursa pós-graduação em Marketing Digital e Transformações Empresariais na Universidade Cruzeiro do Sul. Acredita que a escrita tem o propósito de estimular a geração de insights valiosos e contribuir para a sociedade. Além disso, é a mente por trás do blog Dig. Insights Hub, em que atua como criadora e escritora.