Tudo aquilo que vemos ou tudo aquilo que está à nossa volta, achamos que podemos interferir. E aquilo que não vemos? Se levamos essa pergunta para o campo da resolução de problemas, por exemplo, há uma corrente de pensamento que acredita não ser possível resolver problemas atuais com as soluções atuais. Isso significa que algo novo precisa surgir diante das demandas atuais. Então, partindo dessa ideia geral, para que uma mudança de mentalidade/consciência tome seu lugar no mundo são necessários, portanto, novos métodos ou ferramentas.
Dia desses eu escutei uma pessoa falar assim: ‘Vou indicar esse curso para um amigo que é funcionário público padrão. Ele é cabeça fechada, não inova’. Daí eu pensei: porque será que ainda persiste essa linha de pensamento sobre o comportamento de quem trabalha no setor público? Os paradigmas de pensamento do ser humano precisam ser quebrados para que uma sociedade de fato passe por uma transformação, segundo Otto Scharmer, professor do MIT e autor da Teoria U. O pesquisador utiliza 3 interessantes insights – pensados por Kurt Lewin – para exemplificar como se daria essa quebra:
1 – ‘Você não pode entender um sistema a menos que você o mude’.
2 – ‘Você não pode mudar um sistema a menos que você transforme a consciência’.
3 – ‘Você não pode transformar a consciência a não ser que você faça que um sistema se veja ou se sinta’.
Nessa parte aqui, talvez você possa pensar que, falar do servidor ou empregado público não tenha relação com Comunicação Pública. Quem trabalha no setor é um stakeholder também e está inserido nesse ecossistema. É emissor e receptor das mensagens, produz e é impactado pelos ruídos no processo comunicacional. O papel semente da Comunicação é ‘tornar algo comum’ e isso nos deixa uma inquietante reflexão: como temos tornado comum o que é de interesse coletivo?
Como costuma dizer o Otto, você sempre começa de onde está. Começo refletindo, tento conectar os pontos e me conectar com pessoas que estejam na mesma direção que acredito e a partir daí, proponho atividades na minha área de influência. As pequenas ações contam. Não replicar antigos padrões de comportamento ou pensamento já é um começo e tanto.
Conheça mais sobre o movimento da Teoria U em https://www.presencing.org/
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Raissa Sales atua na área de Comunicação desde 2002. Trabalha em uma das maiores empresas de saneamento do país e está Secretária-Geral no Conselho Regional dos Profissionais de Relações Públicas, 3ª. Região (Conrerp3). www.linkedin.com/in/raissasales/