CRÔNICAS SOBRE A GENTE - Ser imortal: dádiva ou maldição? Por Bettyna Gau Beni.

‘O que vocês fariam de diferente se soubessem que são imortais?’  Essa foi a pergunta do meu marido para os meus filhos durante um de nossos almoços em família.

As respostas vieram em tempos e formas diferentes, mas ao longo da conversa, percebemos que elas foram convergindo para um mesmo ponto: saber que somos imortais nos livraria do medo, mas não somente do medo de morrer, o que talvez seja óbvio, mas de todos os medos, como, por exemplo, falar o que se pensa.  O aprofundamento no assunto através de diversas perguntas foi ficando ainda mais interessante, pois percebi o quanto meus filhos têm medo de ser quem realmente são em qualquer contexto, o quanto têm medo de falar o que realmente pensam por causa da ‘violência verbal’ das redes sociais e dos times de games virtuais que se conectam somente para uma partida ou campeonato.

Eles me disseram que não seriam mal educados, ríspidos ou arrogantes, mas que tão somente gostariam de poder expressar as suas opiniões em um contexto, ou um mundo, mais preparado para dialogar, sem os muitos haters (tradução literal para odiadores, termo em Inglês utilizado para falar sobre os super críticos do mundo virtual), que ficam de plantão somente para comentar com palavras de ódio, com xingamentos desnecessários, sem quaisquer argumentos ou com argumentos tão radicais e preconceituosos que nem merecem resposta.

Após uma longa conversa de quase duas horas, consegui deixar de lado as preocupações sobre quem meus filhos estão se tornando por não se sentirem confortáveis para falar o que pensam, para justamente admirá-los pela maturidade e tranquilidade com que trouxeram a reflexão e a clareza de um contexto de família e amigos de verdade, com a vontade de serem imortais também para poderem correr mais riscos salvando ou ajudando pessoas, em um mundo onde poderiam agir e se expressar livremente e serem respeitados por isso.

Então veio a segunda pergunta: ‘Então, no final das contas, ser imortal é uma dádiva ou uma maldição?’.

Ao que ouvimos: ‘Os dois! Imaginem se somente nós formos imortais e tivermos que conviver com a morte de todos os que amamos, repetidas e repetidas vezes, indefinidamente?’.

E você? Já parou para refletir sobre isso? Gostaria de ser imortal? O que mudaria no seu mundo? Isso seria uma dádiva ou uma maldição?

Imagem – https://pixabay.com/pt/photos/base-jump-salto-base-jumper-pulando-1600668/

Bettyna Gau Beni é empreendedora e consultora em desenvolvimento humano e organizacional pela Evoluigi (www.evoluigi.com.br), com especializações em gestão de negócios, comportamento humano, coaching e gestão da mudança.