CRÔNICAS SOBRE A GENTE - Banco do Tempo: um texto trava-língua que traz um conceito incrível! Por Bettyna Gau Beni.

Descobri recentemente uma iniciativa que já existe há mais de 20 anos em diversos países e, mais recentemente, chegou também ao Brasil.

O Banco do Tempo é uma iniciativa onde cada pessoa troca uma hora do seu tempo por uma hora de outro tempo. Como assim? Simples: eu, tendo uma habilidade, deixo-a disponível no Banco do Tempo para trocar por alguma habilidade que eu preciso e para a qual não tenha tempo ou a habilidade em si. Um exemplo: eu trabalho com análise de perfil e posso trocar uma hora de análise de perfil por uma hora de trabalho de uma pessoa que cuide do meu jardim.

Ah, mas muitas pessoas já fazem isso! Sim, até imagino que isso aconteça mesmo. Mas não seria maravilhoso levarmos esse conceito para tudo na vida? A cada quantidade de horas do meu tempo para o trabalho remunerado (de forma que eu possa pagar as minhas contas), eu poderia dedicar um percentual dessas horas para a troca no Banco do Tempo.

Como uma pessoa que gosta e se dedica a trabalhos voluntários, muitas vezes eu me vi frustrada por me sentir ‘somente’ doando, sem entender que havia troca efetiva.  OK, muitos fomos criados sob preceitos religiosos de ‘fazer o bem sem olhar a quem’, mas ao longo do tempo, se não nos sentirmos sendo retribuídos de alguma forma (e muitas vezes um simples ‘obrigado’ resolveria), o processo todo se torna insustentável.

Então, o Banco do Tempo pode ser uma grande alternativa para que o processo seja sustentável a longo prazo.  E, como uma hora do meu tempo, uma hora da minha vida, tem o mesmo valor que uma hora de outro tempo, uma hora de outra vida, não seria maravilhoso pensar que poderíamos levar isso para o nosso dia a dia e promover as mais inusitadas trocas e experiências?

Imaginem se uma empresa baseasse seus projetos de desenvolvimento de pessoas ou mesmo seus projetos de voluntariado no Banco do Tempo? Uma hora do meu trabalho em ensinar uma pessoa com menos experiência do que eu poderia me proporcionar um ganho de uma hora de algum outro tempo que me interessasse e me ajudasse a resolver um problema para o qual, sozinha, eu não teria meios. Ou, quem sabe, uma hora do meu tempo em um projeto voluntário poderia ser trocada por uma hora de outra pessoa que está sendo beneficiada com o projeto, e então, talvez as pessoas se sentissem melhor em receber, tendo uma percepção diferente e dando novos significados ao compartilhamento, colaboração, troca, solidariedade e caridade.

Não seria maravilhoso e libertador para todos nós se realmente tivéssemos a intenção e a oportunidade de encarar um tempo de uma vida exatamente tão valioso quanto um tempo de outra vida?

Parece até uma brincadeira de trava língua… Bom, quer coisa mais gostosa que brincadeira de criança?

Imagem – https://pixabay.com/pt/illustrations/tempo-gerenciamento-de-tempo-3216244/

Bettyna Gau Beni é empreendedora e consultora em desenvolvimento humano e organizacional pela Evoluigi (www.evoluigi.com.br), com especializações em gestão de negócios, comportamento humano, coaching e gestão da mudança.