CRÔNICAS SOBRE A GENTE - As nossas divergências não significam falta de humanização ou de harmonia. Por Bettyna Gau Beni.

Elas podem, de fato, nos aproximar e potencializar as interações e resultados de um time por meio do reconhecimento e da valorização das competências individuais.

Recentemente facilitei uma conversa sobre Gestão Humanizada em uma empresa que busca mudanças na postura da sua liderança. Ao planejar os caminhos e o convite que faria aos participantes para engajá-los na conversa, me deparei com a dúvida sobre o que eles consideravam Gestão Humanizada e o que era esperado levar para a discussão com os líderes.

Resolvi provocá-los através do exemplo dos ‘Avengers’, os típicos líderes que tiveram que se adaptar às necessidades de um novo mundo onde a colaboração e o humano são mais valorizados do que nunca. Individualmente eles já cultivavam os seus super poderes e resolviam as questões com os seus inimigos sozinhos. E foram bastante competentes para isso… durante um período.

No entanto, com os novos tempos, no mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), eles perceberam, pela dor, que somente os seus super poderes não eram mais eficazes para combater o inimigo, que também se transformou, ganhou mais poder, ficou mais forte, mais inteligente, enfim…

Então os ‘Avengers’ se uniram! É verdade que não foi fácil. O ego era algo muito forte neles e muitas vezes os impedia de olhar para os outros super heróis com reconhecimento e admiração. Sim, eles tiveram que romper com seus padrões e se desafiaram a desaprender para aprender novamente e manter as mentes abertas para a constante inconstância.

Mantendo suas essências (os seus super poderes mas também tudo o que vinha junto no perfil de cada um) era impossível que eles se dessem bem o tempo todo, embora tendo aprendido a admirar uns aos outros. Eles se posicionavam, discutiam suas ideias, colocavam na mesa suas divergências, brigavam até mesmo fisicamente (o que é possível se considerarmos que super heróis não se machucam!). Mas tudo isso aconteceu em razão da relação de confiança entre eles. Confiança é a base para que qualquer time funcione. A confiança permite que sejamos autênticos, que tenhamos ideias diferentes e também divergentes, de forma a contribuir genuinamente para o sucesso do time.

Mas o maior aprendizado de todos foi meu. Ao final da conversa me dei conta de que uma Gestão Humanizada realmente não trata de ser assistencialista, de ser ‘amigo’ e usar isso como desculpa para concessões e privilégios, mas sim de nos aproximarmos do Humano que habita em nós, conhecendo e reconhecendo tanto o nosso lado brilho como o nosso lado sombra. Quanto mais olharmos para isso em nós, mais próximos e mais capazes seremos de reconhecer isso no outro e mais chance teremos de ser realmente empáticos e, portanto, maiores as chances de sucesso na gestão de um time.

Quanto mais os super heróis se aproximam do humano que habita em cada um deles, mais aumentam as suas chances de salvar o mundo. Faz sentido?

Imagem – https://pixabay.com/pt/vectors/zap-quadrinhos-4335467/

Bettyna Gau Beni é empreendedora e consultora em desenvolvimento humano e organizacional pela Evoluigi (www.evoluigi.com.br), com especializações em gestão de negócios, comportamento humano, coaching e gestão da mudança.