CRÔNICA - Meus medos mudaram de lugar. Por Neusa Medeiros.

É fato! Meus medos, com o passar dos anos, foram migrando para outros lugares. Lembro bem, quando pequena, tinha medo do escuro, de que alguém se escondesse debaixo da minha cama e, por isso, não me deitava sem olhar. Ah… também tinha o “velho do saco”, que passava pela rua reclamando das crianças. Assustador!

Recordo do pavor de encontrar o Papai Noel… O primeiro contato presencial com ele foi na minha casa, quando morava em Parobé/RS, na Estação Férrea. Eu devia ter uns quatro anos e precisei enfrentar o medo, apertar a mão do bom velhinho, conversar com ele para ganhar uma boneca de cabelo loiro. Pense numa criança nervosa… Talvez tenha começado ali a entender que vencer alguns medos poderiam me levar mais longe.

Hoje, tenho outros receios. Entre eles, o de pessoas que se vestem de boazinhas mas que são traiçoeiras. De gente que se utiliza do que sabe, e das nossas fragilidades, para manipular sentimentos. De quem finge que gosta, diz que aprecia, mas que só sente inveja. Que pena! Na realidade, vai além do temor, o sentimento se mistura com decepção.

Com o tempo, passei a desafiar o medo – que aparece de diferentes cores, tamanhos e que vai mudando de forma a cada nova fase. Não permito mais que me paralise. Encaro de frente, olho no olho, e enfrento. Sair da zona de conforto nunca foi fácil, mas ganhamos muito quando nos vemos chegando no outro lado, sendo capazes de vencer algumas lutas que pareciam tão impossíveis e que agora estão quase ultrapassadas. É a coragem nos fortalecendo e dizendo: segue.

Agora, quando perguntam sobre os meus medos, vou logo afirmando: luto com eles para que não me impeçam de trilhar novos caminhos e assumir as minhas escolhas. Não permito que pautem os meus dias, no máximo me alertem para os perigos desta vida.

Lidar com tantas possibilidades será sempre desafiador, mas ou se vive, enfrentando e aprendendo, ou ficamos imaginando e somente sonhando.

Já tive tantos medos… hoje, tenho muitas histórias para lembrar e acarinhar os meus dias. Afinal, como diz o escritor Augusto Cury, “sou apenas um caminhante que perdeu o medo de se perder…”.

Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.