São tantas marcas, incontáveis lutas, que a gente fica na dúvida se extraiu de cada lição o seu melhor. Viver por viver é tão pouco que chega a ser raso demais para atrair felicidade. É preciso saborear a vida e até retemperar os dias. Sei bem que alguns momentos são salgados demais, então ficamos aguardando pela sobremesa para equilibrar o paladar.
A dúvida de saber se fizemos o melhor povoa os nossos pensamentos e desestabiliza até algumas certezas. Buscamos justificativas, respostas e entendimentos que clareiem as escolhas. Nem localizamos mais dentro de nós o que se foi. Para onde vai o passado recente? Onde se escondem as opções que descartamos? Que fim levaram os sonhos desfeitos? Será que evaporam ou mudam de lugar e se reciclam?
Então me pego pensando sobre a máxima que já ouvi dizerem: não deu certo! Como assim? Se trouxe felicidade por algum tempo, deu certo. Se acrescentou pitadas de alegria nos dias, certamente valeu. Se encantou, deu muito certo sim, pelo tempo que tinha que ser. Nenhuma experiência é em vão, mesmo as dolorosas. É hora de extrair o melhor das derrotas, momento de colocar um flash de luz onde não vemos claridade. Afinal, lição que não foi aprendida precisa ser revista e repetida.
O bom mesmo é ter o entendimento real que a gente soube saborear os momentos; desfrutar das surpresas; se encantar com o que passou, tendo a percepção que fizemos o nosso melhor. Viver um dia de cada vez, com uma noite no meio, pode ser transformador. Afinal, a vida não é para amadores.
Eu acredito que as pessoas fazem a diferença na vida da gente e nos instigam a ser a nossa versão mais favorável. Como ela premia quem está em movimento, sigo entregando o meu melhor, aproveitando o essencial e me tratando bem, mesmo quando preciso fazer as escolhas mais difíceis.
Vou peneirando tudo que não agrega valor, deixo no presente somente boas lembranças e enfrento os dias. É um aprendizado, mas sigo nesta batida. Se não receber o mesmo de volta, só lamento e sigo. Aprendi a duras penas a dar tempo ao tempo!
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Neusa Medeiros é jornalista, com pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior. Sócia-diretora da empresa Edição 3 – Comunicação Empresarial, com diversificada atuação na área. Atuou, por vários anos, como assessora de imprensa e professora universitária na Unisinos, e como colunista no Jornal VS, do Grupo Editorial Sinos, onde segue como colaboradora.